19ª edição do Concours Mondial de Bruxelles
No total foram 8 397 vinhos e bebidas espirituosas provenientes de 52 países produtores que se defrontaram nos dias 4, 5 e 6 de Maio em Guimarães, berço de Portugal e Capital Europeia da Cultura em 2012. Mantendo a tradição, a França bateu o seu próprio recorde e foi o país com maior participação com 2 541 amostras a concurso.

Na segunda posição esteve a Espanha que bateu também o seu próprio recorde em relação ao ano passado com perto de 1600 amostras apresentadas (mais concretamente 1549). Seguem-se Itália e Portugal com 993 e 925 amostras respetivamente, e o Chile que ano após ano se assume como o país do hemisfério sul mais representado (447 garrafas em competição).

Desde 2006, que o Concours Mondial de Bruxelles é itinerante e visita as principais regiões europeias de produção vitivinícola. O Concours Mondial de Bruxelles percorreu assim sucessivamente Lisboa, Maastricht, Bordéus, Valência, Palermo e Luxemburgo. E aqui esteve de novo em Portugal e como explica a vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Edite Azenha, " Somos o primeiro país escolhido para a internacionalização do concurso e essa foi uma experiencia muito positiva. Portugal é um país de diferenças e é isso que queremos transmitir: projetar além-fronteiras essa diversidade vinícola bem como as atrações turísticas, gastronómicas e culturais do nosso país".

O dinamismo da indústria vitivinícola portuguesa é incrível não só pelos 50 provadores nacionais que fizeram parte da competição (um recorde), mas também pelos 925 vinhos e bebidas espirituosas de Portugal que foram apresentadas a concurso este ano. Ou seja um número próximo da Itália e que coloca a Península Ibérica - no conjunto dos vinhos e bebidas espirituosas espanholas e portuguesas - em pé de igualdade com a França no número de amostras presentes a concurso.

Cada nova edição do Concours Mondial de Bruxelles é diferente da anterior. Abrir mais de 8000 garrafas de todo o mundo em três dias diante de 320 provadores internacionais, é um evento único dentro do género. Barómetro do sector, o concurso dá uma imagem, deteta as tendências e confirma as mudanças. Eis o que esta edição do concurso já nos mostrou:

  •  A posição de "líder histórico" da França com 2541 amostras presentes: Bordéus com 1 143 vinhos é a região mais dinâmica seguindo-se Languedoc Roussillon (423)
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  • A Península Ibérica caracteriza-se mais uma vez pelo seu dinamismo no mercado internacional. Espanha é sempre o segundo país em termos de participação com cerca de 1600 vinhos e bebidas espirituosas: Rioja (298) e Castela e Leão quase ex aequo (248), seguidos de perto pela Catalunha (232) e La Mancha (208), enquanto que Portugal conserva o 4º lugar mas regista um crescimento fulgurante de mais de 40% com 925 amostras (Douro-Porto: 241, Alentejo: 194, Lisboa:115 e Minho: 110).
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  • A Itália regista também um forte crescimento e melhora o seu terceiro lugar com 993 vinhos e bebidas espirituosas a concurso (Sicília: 201; Vêneto: 196 e Toscana: 151 são as principais regiões representadas)  
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  Confirma-se a tendência internacional de uma especialização de castas por país participante.

  • Dos 1015 vinhos tintos espanhóis apresentados, mais de metade resultam da variedade tempranillo apesar do regresso de castas mediterrânicas (49 vinhos de grenache e 42 mourvèdres). E entre os 338 vinhos brancos dominam os verdejo e albariño (57 e 43 respectivamente).
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  • Dos 554 vinhos tintos italianos presentes, 92 são maioritariamente da variedade sangiovese.
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  • Dos 552 vinhos tintos portugueses presentes, 88 são maioritariamente da casta touriga nacional. Portugal tem até agora a maior diversidade!
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  • Finalmente, 30% dos vinhos tintos chilenos presentes são tal como no ano passado os carménères.
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  • Na generalidade, a tendência de vinhos redondos e suaves mantém-se: é o caso da França que domina largamente na variedade merlot em monocasta ou mistura (712 vinhos dos 1565 vinhos tintos presentes contra somente 143 vinhos provenientes de cabernet sauvignon e 99 de syrah).
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  • A taxa média de álcool dos vinhos está a aumentar e chega aos 13,4% contra os 13,35% em 2011, 13,09% em 2006 e aproximadamente 12,8% em 2000... É um indicador chave no momento de avaliar as alterações de maturação, a exposição solar e até as alterações climáticas.
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  • No conjunto, os vinhos e bebidas espirituosas inscritas representam cerca de 745 milhões de garrafas comercializadas em todo o mundo.
  •  Por fim, o Concurso reflecte as tendências de subida do mercado: um terço dos vinhos tem um valor superior ou igual a 8,5 € - o valor de mercado do total de amostras presentes (vinhos e bebidas espirituosas) é assim avaliado em mais de 90 mil euros
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A publicação dos resultados está prevista para segunda-feira, dia 14 de Maio.

Criado em 1994, o Concours Mondial de Bruxelles assume-se como o "campeonato do mundo" do vinho e da degustação. No conjunto, os 8400 vinhos e bebidas espirituosas de todo o mundo em competição representam mais de 700 milhões de garrafas comercializadas.

Desde 2006, o Concours Mondial decidiu afirmar a sua vocação internacional e organizar-se além-fronteiras. Lisboa, Maastricht, Bordéus, Valência, Palermo e Luxemburgo foram também importantes capitais de degustação.

Composto exclusivamente por profissionais do vinho, o júri do Concours Mondial de Bruxelles reúne a nata dos especialistas internacionais. Cerca de 50 nacionalidades estão representadas, uma diversidade que contribui para o carácter único do evento.

No final do concurso, apenas os vinhos e as bebidas espirituosas que tiverem obtido as mais altas classificações podem almejar as prestigiadas Medalhas. Desde 2004 a organização colabora com uma equipa de investigadores do Instituto de Estatística da Universidade Católica de Louvain com o objectivo de conseguir os resultados mais precisos e objectivos.