Resumo das Resoluções OIV
Foram aprovadas 21 resoluções na 11ª Assembleia Geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que decorreu no dia 7 de junho em Bucareste (Roménia).

Decisões relativas à Viticultura

Para orientar os criadores de novas variedades resistentes e mais estáveis no tempo, a OIV desenvolveu recomendações que visam obter "variedades com loci de resistência múltipla contendo efeito sinérgico contra um patogénico". Esta combinação de loci pode permitir a redução do risco de desenvolvimento de espécies mais agressivas de patogénicos, prevenção considerada necessária para garantir a sustentabilidade da indústria do vinho (Resolução OIV-VITI 515-2013). Deve ser acompanhada de uma série de medidas adequadas para a proteção das plantas.

Com base na norma do Codex Alimentarius (STAN 67-1981), a OIV elaborou uma série de recomendações para aumentar a produção uvas passas incluindo todos os tipos de uvas passas e passas "prontas para utilização" (uvas secas com um teor de humidade mais elevado, superior a 25%). Estas recomendações refletem melhor as necessidades do setor e marcam a conclusão de um importante trabalho que tem ocupado os grupos de peritos da OIV desde 2011, ano do lançamento deste projeto (Resolução OIV-VITI 493-2013).

Decisões relativas às práticas enológicas

Várias resoluções relativas a novas práticas enológicas irão complementar o Código Internacional de práticas enológicas OIV, nomeadamente:

A OIV adotou uma série de modificações relativas a várias fichas de práticas enológicas sobre o uso de enzimas na produção de vinho. Estas práticas referem-se a: utilização de enzimas:

1. Utilização de enzimas de maceração;

2. Utilização de enzimas para a clarificação, melhorar a capacidade de filtração dos mostos bem como para a libertação de substâncias aromáticas dos mostos;

3. Utilização de enzimas para a clarificação e para melhorar a filtrabilidade de vinhos, bem como para a liberação de substâncias aromáticas em vinhos e o tratamento por glucanases (Resolução OIV-OENO 498-2013). Essas modificações serão incorporadas na próxima edição do Código Internacional de práticas enológicas OIV

Uma nova resolução sobre a aplicação de tecnologia de membranas para a gestão de gás dissolvido nos vinhos. Esta prática permite a utilização de contactors de membrana para a gestão de oxigênio e ainda a do dióxido de carbono, incluindo na elaboração de vinhos gaseificados (Resolução OIV-OENO 499-2013).

Decisões relativas às especificações de produtos enológicos

As seguintes monografias virão complementar o Codex Enológico Internacional, nomeadamente:

Uma monografia sobre leveduras inativadas. Diversas e detalhadas especificações acompanham esta monografia; em particular, a proporção da parte insolúvel destas leveduras inativadas bem como o teor em azoto (Resolução OIV-OENO 459-2013).

Uma monografia sobre autolisados de leveduras utilizadas como nutrientes para a reidratação de leveduras secas ativas, para a fermentação alcoólica, e também como nutrientes durante a fermentação alcoólica. Diversas e detalhadas especificações acompanham esta monografia, particularmente a taxa da parte solúvel do autolisado de levedura e o teor de azoto (Resolução OIV-OENO 496-2013).

Uma alteração na monografia atual sobre paredes celulares de levedura. São utilizados para prevenir e lidar com as paragens de fermentação. Têm a capacidade de corrigir certos ácidos gordos que perturbam a permeabilidade da membrana das leveduras. A composição destas paredes celulares de levedura é descrita em conjunto com algumas especificações que também acompanham esta monografia (Resolução OIV-OENO 497-2013).

Foram adotadas duas alterações nas monografias sobre enzimas. Em particular, a monografia sobre a determinação da atividade β-glucanase (β 1-3, β 1-6) em preparações de enzima (resolução OIV-OENO 488-2013) e a monografia sobre a determinação a atividade cinamoil esterase em preparações enzimáticas (Resolução OIV-OENO 487-2013).

Foi aprovada uma alteração na monografia sobre a proteína vegetal, autorizando a utilização de proteínas vegetais provenientes de batata. Diversas e detalhadas especificações também acompanham esta monografia (Resolução OIV-OENO 495-2013).

Foram igualmente adotadas duas monografias relativas a técnicas de membrana. Em particular, a monografia sobre membranas de ultrafiltração (Resolução OIV-OENO 481-2013) e a monografia sobre membranas de nanofiltração (Resolução OIV-OENO 482-2013). Estas monografias completam as resoluções OIV OENO-450A-2012 e OIV-OENO 450B-2012 aprovadas em 2012, sobre a redução do teor de açúcar do mosto por acoplamento membranar combinando, associando microfiltração ou ultrafiltração à nanofiltração ou à osmose reversa.

 

Decisões relativas a métodos de análise

Na mesma sessão, foram adotados um novo guia e novos métodos analíticos, que serão adicionados ao esquema analítico da OIV, em especial:

O Guia para a avaliação, o controle de qualidade e estudo da incerteza de um método de análise de vinhos. Este guia destina-se a acompanhar os laboratórios de enologia que realizam análises em série, o controlo da qualidade interno e estimativa da incerteza de um método de análise. Este guia não é um documento de referência, mas apenas de informação. Os métodos listados nestas diretrizes não podem ser considerados como métodos de referência, tal como os que se encontram inscritos no Recueil Internacional de vinhos e mostos da OIV ou no Código Internacional de métodos análise das bebidas espirituosas de origem vínica da OIV (Resolução OIV-SCMA 418-2013).

Os métodos de ensaio de ftalatos em vinhos e bebidas espirituosas.

Para a determinação de ftalatos em vinho, a amostra é extraída com recurso ao iso-hexano. O extrato é concentrado por evaporação e é analisado por acoplamento cromatografia gasosa/espectrometria de massa (GC/MS), com padrões internos deuterados (Resolução OIV-SCMA 477-2013). Para a determinação de ftalatos em bebidas espirituosas, a amostra é extraída com um solvente apolar. A análise da amostra é realizada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (GC/MS), com um padrão interno. A análise pode também ser realizada sem extração mas com limites de deteção mais elevados (Resolução OIV-SCMA 521-2013).

Método de análise de diferentes elementos minerais nos vinhos por um método de espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-AES). A preparação das amostras proposta neste método, permite analisar simultaneamente os elementos minerais maiores (potássio, cálcio, magnésio e sódio) e os menores (ferro, cobre, zinco, manganês, estrôncio, bário e alumínio) (Resolução OIV SCMA-478-2013).

Métodos de análise de vinagres, em particular:

O método de determinação da razão isotópica 13C/12C do ácido acético do vinagre de vinho por espectrometria de massa isotópica. A razão isotópica 13C/12C é determinada no CO2 resultante da combustão completa do ácido acético extraído da amostra de vinagre. Em geral, utiliza-se para a combustão, um analisador elementar acoplado a um espectrómetro, que irá determinar razão isotópica (Resolução OIV-SCMA 510-2013).

O método de determinação da razão isotópica 18O/16O da água no vinagre de vinho por espectrometria de massa de razão isotópica. A técnica descrita é baseada no equilíbrio isotópico de água nas amostras de referência de vinagre de vinho com gás CO2 de referência, que se estabelece de acordo com a reação de troca isotópica. Após atingir o equilíbrio, o dióxido de carbono é utilizado para analisar a razão isotópica 18O/16O por espectrometria de massa de razão isotópica (IRMS) (Resolução OIV-SCMA 511-2013).

Decisões relativas a economia e direito

Em face da evolução das necessidades dos profissionais da indústria e consumidores, a OIV decidiu reavaliar a definição de enólogo e seu papel em todo o processo de produção de vinho. O enólogo é um especialista capaz de assumir toda a complexidade de questões relacionadas com a produção de vinho. As funções do enólogo e as suas responsabilidades foram assim definidas para cada uma das cinco principais fases do processo de produção de vinho: a produção de uva, a transformação da uva e a produção de vinho, o controlo da produção, a comercialização e a adaptação dos produtos ao mercado e a análise dos resultados. É particularmente especificado que o enólogo adquiriu as suas competências no decurso de uma formação académica plurianual que confira diploma de nível universitário. (Resolução OIV-ECO 492-2013).

  

Decisões sobre Segurança e Saúde

Os Estados-Membros da OIV aprovaram duas novas resoluções neste domínio:

A primeira resolução refere-se a recomendações sobre a investigação sobre a biodisponibilidade dos compostos fenólicos derivados do vinho. Com efeito, considerando que a grande maioria dos dados disponíveis foi obtida através de estudos in vitro que utilizam concentrações de compostos fenólicos que não são necessariamente equivalentes às presentes no vinho tinto, a OIV reconhece a necessidade de promover a investigação neste campo, especialmente por meio de estudos na população humana, para identificar nos humanos, as propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos compostos fenólicos presentes no vinho (Resolução OIV-SECSAN 454-2013).

A segunda resolução está relacionada com o consumo de vinho e seus efeitos sobre a saúde humana. No âmbito do seu Plano Estratégico, a OIV decidiu adotar recomendações sobre a pesquisa a ser realizada sobre a questão da relação entre o consumo de vinho e suas possíveis consequências positivas ou negativas para a saúde humana. Neste campo, a OIV salienta que é necessária a realização de estudos equilibrados e controlados nas populações apropriadas e/ou com uma amostra de maior dimensão, nos quais os biomarcadores sensíveis sejam identificados e medidos, a fim de estabelecer certos efeitos (Resolução OIV- SECSAN 455-2013).

 

Poderá consultar a totalidade das resoluções aqui.