Adegas e produtores com dificuldade de escoamento estão a ficar à mercê de empresas distribuidoras, "que se aproveitam legitimamente de dificuldades de empresas que não se colocaram no sector de uma forma realista", explica.
Os produtores com problemas vendem barato o vinho que produzem e "contribuem para a presença nos hipermercados de vinho abaixo de dois euros. É toda esta tendência que não é saudável", afirma o especialista.
Daí que, remata o crítico, "quem consome abaixo dos dois euros sabe que está neste momento a usufruir de uma qualidade superior, mas a um preço que está puxado para baixo".
No fracasso sentido por adegas e produtores no escoamento dos vinhos, na opinião de Aníbal Coutinho, o Ministério da Agricultura, através do Instituto de Vinha e do Vinho (IVV), não está livre de responsabilidades, ao falhar a solução para a internacionalização dos vinhos portugueses.
"Não podemos dizer que o vinho é estratégico para Portugal e depois pensarmos que é com um preço abaixo de dois euros que vamos sustentar a estratégia de um país", adianta.
O enólogo e crítico acusa o IVV de lançar "uma campanha para uma marca chamada Vinho de Portugal com um 'P' estilizado", sem que se perceba "a que se aplica" este 'P'.
"A que tipo de produtos se aplica? Será que é um vinho de Portugal anónimo que queremos promover? Será que isso não está mais em linha com a promoção do vinho barato?", interroga.
"Se não somos conhecidos lá fora, ao aplicar um 'P', genérico, de Portugal, provavelmente as pessoas, se se interessarem, não vão querer pagar um prémio para provar esse vinho. Vão querer um vinho barato com o 'P'. Creio que houve um erro, devia ser a letra 'Q' para puxar o vinho para cima", acrescenta Aníbal Coutinho.
E o 'Q', propõe Aníbal Coutinho, deveria estar associado ao conceito de "Quintas de Portugal". "Com toda a dificuldade que isso encerra", admite, porque "não temos a capacidade nem de dimensão nem de área de produção nem da estrutura fundiária para criar vinhos que, abaixo de três euros, deem uma rentabilidade saudável aos seus produtores".
O enólogo sugere um "esforço maior", afirma que é necessário "puxar por cima", "puxar pelas quintas", porque a "quinta", diz Aníbal Coutinho, "é o 'chateau'".
Fortalecer a presença desses vinhos no estrangeiro, "falar da história desses vinhos, falar da tipicidade das nossas castas, dos nossos hábitos e passar esta mensagem de que somos diferentes é o esforço que temos de fazer". E se conseguíssemos, acredita o crítico, "conseguiríamos passar para cinco a dez euros" o preço médio de uma garrafa de vinho português. Neste momento não estamos lá.
Fonte: SIC Online / Lusa
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