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Sogrape Vinhos: campanha de apoio ao empreendedorismo
Sogrape Vinhos assinala 200 Anos do nascimento de Dona Antónia com campanha de apoio ao empreendedorismo.

No âmbito da comemoração dos 200 anos do nascimento da "Ferreirinha", a Sogrape Vinhos evoca o espírito empreendedor e as qualidades de organização e gestão empresarial de Antónia Adelaide Ferreira e promove, em parceria com a Associação Nacional do Direito ao Crédito (ANDC), a campanha "Ajude quem precisa".

A decorrer até Setembro, esta iniciativa visa reconhecer e valorizar o mérito de pessoas que se tenham candidatado a projectos de microcrédito com vista à constituição de microempresas, através da atribuição de apoios monetários no valor total de 45 mil euros.

Todos os meses, durante o período da campanha, três projectos serão distinguidos com um prémio individual de 2.500€, cabendo aos portugueses a selecção dos negócios mais meritórios em www.donaantonia200anos.eu. Em cada mês, são dados a conhecer no website os projectos a concurso, sendo vencedores aqueles que mais votos reúnam naquele período.

Com esta acção, que será amplamente promovida em imprensa e no ponto de venda, "a Sogrape Vinhos reforça o compromisso de responsabilidade social assumido desde a sua fundação, em 1942, ao mesmo tempo que homenageia e perpetua a obra e a recordação da Ferreirinha, símbolo não só do empreendedorismo e da viticultura duriense, mas também um exemplo maior do altruísmo e da generosidade para com os mais necessitados", afirma Francisco Ferreira, CEO da Sogrape Vinhos.

A grande campanha faz-se ainda acompanhar de um passatempo que envolve as marcas da Sogrape Vinhos inevitavelmente ligadas a Dona Antónia - Ferreira e Casa Ferreirinha -, e que visa premiar os seus consumidores com prémios individuais no valor de 1.000€.

Para se habilitarem a ganhar um dos cinco prémios a atribuir no período da campanha, os consumidores têm apenas que realizar uma compra mínima de uma garrafa de vinho das marcas Ferreira ou Casa Ferreirinha e registar a sua participação em www.donaantonia200anos.eu ou enviar, via CTT, um envelope com os deus dados pessoais, os últimos 4 dígitos do talão de compra e o código que se encontra na gargantilha das garrafas para o Apartado 5111, EC Sete Rios, 1081-601 Lisboa.

O regulamento da campanha e do passatempo pode ser consultado na íntegra em www.donaantonia200anos.eu.

Projectos a concurso - Abril

1. Joana Gonçalves - Hostel

Joana Gonçalves obteve o microcrédito no valor de 5.000€, no início de 2007, e começou este projecto em conjunto com outra microempresária. O negócio consiste num hostel que é um lugar de alojamento alternativo, para curtos períodos, com preços baixos, geralmente dirigido a jovens que viajam sozinhos ou em pequenos grupos. A privacidade não é prioridade, os quartos são comunitários bem como a lavandaria, cozinha e sala de estar. Contudo, para além do alojamento e serviço de cozinha, pode ainda usufruir-se de internet gratuita, sala de estar com vários filmes, música e livros. O Peniche Hostel Backpackers tem capacidade para 16 pessoas e na época alta tem sempre lotação esgotada.

 

2. Telma Bolinhas - Venda de Produtos Tradicionais Alimentares

Telma Bolinhas tem 31 anos e é um bom exemplo de uma jovem licenciada empreendedora. A falta de emprego na sua área de formação, Psicologia, onde apenas consegue por vezes ser formadora, fê-la procurar outras alternativas. Foi então que decidiu abrir a "Sabores do Alentejo", uma loja de produtos tradicionais alentejanos em Beja para a qual teve o apoio do microcrédito. Em pouco tempo tornou-se um negócio de sucesso, pois para além de turistas portugueses e estrangeiros conseguiu cativar a população da cidade que vai frequentemente ao seu espaço adquirir desde o pão alentejano para o dia-a-dia, tal como outros produtos, queijo, vinhos, azeite, enchidos, etc.

 

3. Mário Silvestre da Piedade - Empresário Agrícola

Mário Silvestre da Piedade, de 24 anos, é natural de Aljezur, onde estudou e viveu desde sempre. Aos 15 anos deixou os estudos e começou de imediato a trabalhar. Começou por brincadeira a vender lenha durante o Inverno e percebeu que o negócio era rentável e que gostava do trabalho do campo nas terras dos pais. Tendo vindo progressivamente a substituir o pai nos trabalhos agrícolas, hoje é já o pai que o ajuda. Viu no Microcrédito a oportunidade de investir em novos equipamentos, que permitam rentabilizar o seu trabalho e formalizar a sua actividade. Mário dedica-se à produção de batata-doce, feijão seco, melancia, tomate ... venda de lenha e está a iniciar a criação de animais (vacas e porcos). Presta ainda serviços de lavoura e limpeza de mato, como forma de rentabilizar as máquinas e colmatar a sazonalidade das colheitas.  

 

4. José Gomes da Silva - Café/Petisqueira

José Fernando Gomes da Silva tentou candidatar-se pela primeira vez ao microcrédito da ANDC em Fevereiro de 2008, mas não tendo ainda encontrado o espaço adequado para desenvolver o seu negócio na área da restauração, acabou por abandonar o projecto. Já na época se encontrava numa situação de desemprego de longa duração, mas a perseverança conseguiu que um ano depois, a caminho dos 57 anos, voltasse a procurar a ANDC com noções mais claras relativamente à operacionalidade da petisqueira. Em funcionamento desde o final de 2009 e montado com um investimento de quase 9.000€, o café em Paços de Ferreira apostou no vinho, na cerveja e nos sabores fortes da comida à portuguesa.

 

5. Madalena Silva - Loja de Costura

Proveniente do Minho, Madalena Silva é uma jovem com experiência em empresas de confecção. Depois de ter completado 18 anos, a microempresária mudou-se com a família para Vila Real. Percebendo que o seu negócio de costura seria mais rentável em Chaves, num centro comercial que permitisse as pessoas deixarem as peças na costureira enquanto faziam as compras até tarde, Madalena decidiu contactar a ANDC para conhecer as condições do microcrédito que, conjugado com uma pequena parcela de capital próprio que possuía, lhe permitiu avançar com o seu projecto. Desde o início que o negócio começou a registar valores de facturação bastante elevados, o que lhe garante a sustentabilidade do negócio e permitiu entretanto adquirir outras máquinas de costura mais sofisticadas, abrindo aliás portas à eventual contratação de um novo colaborador.


 

Perfil Dona Antónia

Um profundo amor ao Douro

Dois séculos depois do nascimento de Dona Antónia Adelaide Ferreira (1811-1896), que os seus conterrâneos apelidaram carinhosamente de "Ferreirinha", evocar esta figura ímpar da história do Douro Vinhateiro é prestar uma justa homenagem a uma mulher que se tornou um símbolo não só do empreendedorismo e da viticultura duriense, mas também um exemplo maior do altruísmo e da generosidade para com os mais necessitados.

 

A reportagem de "O Primeiro de Janeiro" sobre o funeral da "Ferreirinha" é emocionada e eloquente: ao longo dos cerca de quatro quilómetros que o cortejo fúnebre percorreu entre a Quinta das Nogueiras e a Igreja da Régua, 300 mil durienses ladearam a estrada e ajoelharam à passagem dos restos mortais da "santa" e da "mãe dos pobres", como também era conhecida Dona Antónia Adelaide Ferreira.

Dona Antónia faleceu a 26 de Março de 1896 quando estava prestes a completar 85 anos de uma vida intensa ao serviço da causa do Douro Vinhateiro e dos seus habitantes, principalmente os mais pobres e desfavorecidos, tendo sido sem dúvida uma das personalidades mais marcantes da história de uma das primeiras e mais importantes regiões demarcadas da viticultura em todo o Mundo. 

Esta mulher franzina, mas também vibrante e corajosa, tornou-se um símbolo raro de empreendedorismo e é hoje recordada como um exemplo de tenacidade no combate ao drama e à miséria que se abateram sobre a região do Douro em consequência da praga da filoxera, destruidora de grandes vinhedos e dos sonhos de muitos agricultores arruinados. Um cenário de desolação a que a Ferreirinha soube responder com firmeza na luta contra a doença das videiras, através da investigação dos processos mais evoluídos de produção do vinho, de novas grandes plantações de vinha e de aquisições avultadas de terras e de vinhos a proprietários temerosos e descapitalizados. 

Herdeira de uma família abastada do Douro com uma importante actividade no cultivo da vinha e na produção de Vinho do Porto, Dona Antónia viu-se na contingência, aos 33 anos de idade, após ter enviuvado, de assumir a liderança dos negócios familiares e de tentar desenvolver aquela que viria a ser a casa FERREIRA - missão que cumpriu com raro brilhantismo, revelando uma extraordinária vocação de empresária.

Mas Dona Antónia não se limitou a gerir a fortuna recebida por herança. Antes investiu, de forma apaixonada e intensa, na Região do Douro que tanto amou, sem esperar pela protecção ou apoio do Estado. Da Ferreirinha se dizia que era generosa com os pobres e mais fracos, mas altiva com os mais ricos e poderosos; e que estava com a mesma naturalidade em casa dos trabalhadores mais modestos ou no Palácio Real. Todos estes atributos, a que se juntaram os seus vinhos finos, de qualidade premiada nas mais prestigiadas exposições internacionais, contribuíram para que esta mulher ímpar tenha adquirido uma aura mítica no mundo dos negócios e na Região do Douro.

 

Uma cultura empresarial familiar

As preocupações sociais de Dona Antónia ultrapassavam em muito o apoio concedido às famílias dos trabalhadores das suas terras e adegas, estando bem patentes no investimento feito na construção de quilómetros de estradas e de caminho-de-ferro na região, que chegou a dar trabalho a mais de mil operários, ou no seu contributo para a edificação dos hospitais de Peso da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego, para além da ajuda à Misericórdia do Porto e a muitas outras instituições de solidariedade social. Ela enunciava, aliás, uma máxima elucidativa: "Cada um na sua terra deverá fazer tudo o que seja para bem da Humanidade".

Mulher de sucesso num mundo dominado pelos homens, Dona Antónia desenvolveu como poucos os valores de uma cultura empresarial familiar - assente na ética, no respeito e na solidariedade -, potenciando ao máximo o estreitamento de relações entre a produção vitícola e as actividades comerciais, conjugando a importância da tradição com as inovações técnicas na cultura da vinha e na produção dos vinhos, ou fazendo da qualidade dos vinhos o primeiro suporte do prestígio da empresa. 

Quando faleceu, em 1896, deixou uma fortuna considerável e mais de duas dezenas de quintas de referência no Douro - um património físico e um conjunto de valores que os seus herdeiros preservaram ao criarem, em 1898, a Companhia Agrícola e Comercial dos Vinhos do Porto A.A. Ferreira - empresa que seria pioneira na produção de vinhos de mesa DOC do Douro, como o mítico Barca Velha (1952) da Casa Ferreirinha, e que a Sogrape Vinhos, dirigida por Fernando Guedes, adquiriu, quase um século depois, em 1987, fazendo questão de manter intactos os valores culturais da empresa e orgulhando-se de potenciar toda a sua capacidade de conquista dos mercados com produtos de excelência.

Mas o grande legado de Dona Antónia ultrapassou em muito a fortuna fabulosa que deixou. Ficou acima de tudo o mito, o símbolo da força do Douro, a generosidade de ouro chorada pelos necessitados, a defensora dos valores de integridade e ética de empresária que também os poderosos respeitaram.

Para perpetuar a memória deste símbolo de tenacidade e bondade, a Sogrape Vinhos e os descendentes da família Ferreira criaram, em 1988, o Prémio Dona Antónia, galardão que distingue, anualmente, uma mulher portuguesa que se destaque pelo espírito empreendedor e pelas características de organização e gestão empresarial reconhecidas à Ferreirinha.