Nunca um vinho português foi arrematado em leilão por um preço tão elevado. Uma garrafa de 18 litros do vinho tinto Benfeito (2008), produzido na Região Demarcada do Douro pela empresa Olivewine, atingiu o valor de 21.600 dólares, o que equivale a 14.800 euros à conversão actual. O leilão teve lugar no famoso Restaurante Oon.Dah, e a respectiva receita reverte a favor do projecto de conservação da palanca negra, que é levado a cabo pela Fundação Kissama. Criada em 1996 por um grupo de sul-africanos e angolanos preocupados com a situação dos parques nacionais de Angola e com a conservação dos recursos naturais do país, a Kissama tem como patrono o próprio José Eduardo dos Santos.
"Esta é uma notícia muito importante para os vinhos portugueses, mas sobretudo para a região do Douro. No rótulo do Benfeito, damos bastante ênfase à origem do vinho, sublinhamos que é feito na mais antiga Região Demarcada do mundo, actualmente reconhecida pela UNESCO como património da Humanidade", sublinha Pedro Sequeira, enólogo que assina, juntamente com Ricardo Guerra, a autoria do "valioso" vinho.
A novidade "histórica" ganha ainda mais destaque, na medida em que, segundo dados do Instituto do Vinho e da Vinha relativos ao ano de 2010, Angola "é o principal destino dos vinhos portugueses, com um peso de 27 por cento em volume e 17 por cento em valor". "Os resultados do leilão vão ajudar muito a impulsionar as vendas do vinho Benfeito, mas também dos restantes vinhos portugueses", sustenta Ricardo Guerra.
Elaborado a partir de vinhas velhas, o Benfeito é um projecto que vai além da criação de um simples vinho: nasceu graças à vontade de quatro amigos - dois enólogos e dois investidores portugueses radicados em Angola -, que se uniram para criar uma empresa para produzir vinhos de terroir, marcados pelas características da origem Douro, mas com um objectivo, a exportação, e uma missão, apoiar causas sociais em cada país de destino.
O primeiro vinho Benfeito, uma série com 4500 garrafas, teve Angola como destino e como causa a preservação da palanca negra gigante, animal em vias de extinção (além do valor do leilão, a Olivewine contribuiu também com 5000 dólares para a Fundação Kissama). Na mira estão já outros mercados, como o Brasil e a China. Em cada país, a Olivewine promete associar-se a causas sociais mobilizadoras, direccionando para estas uma parte da venda das garrafas de vinho. Os vinhos Benfeito terão assim rótulos originais para cada país de exportação "de acordo com as causas locais às quais nos iremos associar, para desta forma ilustrar uma história e chamar a atenção do mundo para essas mesmas causas", informa Ricardo Guerra.
A garrafa foi disputada durante quase uma hora por Manuel Silva, administrador do Populão, uma das maiores empresas de venda de vinhos a retalho em Angola, e Carlos Andrade, administrador da SeaTrade e um dos accionistas da Olivewine. A garrafa acabou por ser arrematada pelo primeiro. "Para a Palanca não há preço", diz Manuel Silva, confessando que já colocou a nova garrafa junto da restante colecção privada de vinhos. "Esta garrafa [de 18 litros] é uma relíquia é uma garrafa que nunca foi vista em Angola", comenta.
A ideia de associar a criação de vinhos a causas sociais foi tão bem recebida em Luanda que a empresa Olivewine já foi contactada por um banco em Angola, para lançar outro vinho que se associe a novas causas. O vinho Benfeito é distribuído pela Atlanfina, holding do grupo Atlântica, uma das maiores distribuidoras de vinhos portugueses em Angola. A partir de agora, por cada garrafa vendida reverterá um dólar a favor da Fundação Kissama.
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