Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, diz que na última década as exportações duplicaram, assegurando que representam já 30 por cento da produção.
"Este é o caminho, uma vez que o mercado nacional está estagnado. Os produtores devem apostar no branco, na reconversão da vinha e na qualidade das castas", afirma Manuel Pinheiro, lembrando que "o vinho verde representa vinte por cento do mercado dos vinhos em Portugal".
Em 2010, a Região dos Vinhos Verdes exportou quase 30 mil pipas de vinho, o que equivale a 20 milhões de garrafas, num montante próximo dos 36 milhões de euros. A Quinta da Lixa, no concelho de Felgueiras, é um exemplo de produção familiar que tem apostado na qualidade, na reconversão da vinha, em novos produtos e no mercado externo, vendendo hoje para 23 países.
"É um vinho leve e fresco, de baixo teor alcoólico e que tem grande facilidade de penetração em mercados tão exigentes como o alemão, o canadiano ou o norte-americano", disse ao Correio da Manhã Carlos Teixeira, enólogo responsável da Quinta da Lixa.
Diana Meireles, administradora da Quinta da Lixa, diz que "não chega produzir uvas de boa qualidade, é preciso inovar e ter padrões elevados em todo o ciclo de produção, de modo a que o vinho tenha uma identidade definida".
A Quinta da Lixa, que este ano assinala os 25 anos, atingiu na colheita de 2010 os três milhões de garrafas, entre branco, tinto, rosé e espumante. O volume de exportação rondou os 30 por cento, mas nos primeiros cinco meses deste ano já ultrapassou os 40 por cento. Uma das apostas desta empresa familiar é o enoturismo: recebe quatro mil visitantes por ano, pelo que está a construir um hotel rural com adega experimental e sala de provas.
UVA DA CASTA ALVARINHO É A MAIS CARA DO PAÍS
O vinho Alvarinho (sub-região de Monção e Melgaço) é um mundo à parte no universo dos vinhos verdes. É mais encorpado, mais completo ao nível dos aromas, tem um fim de boca mais prolongado e é bastante mais caro.
Aliás, a uva Alvarinho, ao produtor, é a mais cara do País, superando mesmo a do Vinho do Porto. No ano passado ascendeu a 1,2 euros por quilo, três vezes mais do que a uva branca de outras castas, como Loureiro ou Trajadura.
Em 2010, os 56 engarrafadores dos dois concelhos, incluindo a Adega Cooperativa de Monção, colocaram no mercado um milhão e meio de garrafas, o que representa um volume de facturação a rondar três milhões de euros.
Para João Cerdeira, da Quinta de Soalheiro, Melgaço, o sub-sector do Alvarinho atravessa um bom momento, mas alerta para o facto de ser necessário apostar ainda mais na exportação e no enoturismo.
"Recebemos aqui cerca de mil pessoas por ano que, para além de comprarem Alvarinho, almoçam e dormem na região, ou seja, enriquecem a nossa economia", explica o produtor, que espera ultrapassar este ano as cem mil garrafas.
DISCURSO DIRECTO
"ESTAMOS A DESPERDIÇÃO O ENOTURISMO": Manuel Pinheiro, Pres. da Comissão dos Vinhos Verdes
CM - O sector dos vinhos verdes está a resistir à crise?
Manuel Pinheiro - Graças ao mercado externo, sim. O nosso volume de exportações duplicou em dez anos, está nos 30 por cento da produção total, com tendência para subir. Vamos resistindo.
- O que mais o preocupa?
- Penso que há dois problemas que temos de resolver: os engarrafadores da região têm de se unir e fundir, 600 é demais, e temos de encarar com seriedade o desafio do enoturismo.
- Está pouco explorado?
- Infelizmente, tirando um ou outro caso, está praticamente tudo por fazer e é uma oportunidade de ouro que estamos a desperdiçar.
- Que conselho dá aos novos produtores?
- Que apostem no vinho branco, em castas de qualidade e na reconversão das vinhas existentes.
Fonte: Correio da Manhã / Secundino Cunha
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