A investigação norte-americana, conduzida pela American Association of Wine Economists, mostra que a subida das temperaturas nos países produtores de vinho foi menor que o aumento dos níveis de álcool, não sendo possível encontrar uma relação directa.

O relatório foi denominado "Splendide Mendax - False Label Claims about High and Rising Alcohol Content in Wine" e conduzido no período temporal 1992-2009. Ao todo, foram analisadas mais de 129 mil amostras de vinho - 80,421 de tintos e 46,985 de branco - e criado um índice de medida de temperaturas e nível de álcool. Este índice indica que o teor médio de álcool no vinho aumentou 1,12% em 18 anos, uma média de 12,7% ao ano. Comparado com as subidas de temperatura, este aumento não deveria ser superior a 0,05% por ano. «Seria necessário um aumento de 6,67ºC por ano para justificar um aumento anual de 1% no teor alcoólico médio dos vinhos», apontou o estudo. Por este motivo, não pode ser estabelecida uma relação directa entre o aumento das temperaturas e do álcool no vinho.

Os dados mostram ainda discrepâncias entre o nível de álcool registado nos rótulos e o que efectivamente se verifica na garrafa. Em 57% das amostras, o nível indicado é mais baixo, situação que acontece com mais frequência nos países do Novo Mundo. Para isto, Julian Alston, um dos principais responsáveis pela pesquisa e investigador da Universidade de Davis na Califórnia, apontou outras razões como as preferências de mercado. A equipa de investigadores sugere que podem existir vários factores climáticos e culturais para o aumento de álcool no vinho, mas os dados coligidos mostram que esta tendência foi, essencialmente, obra do homem.

Recorde-se que na semana passada foi assinada por representantes do mundo do vinho a Declaração de Barcelona, um documento que firma o compromisso de combater as alterações climáticas. Este acordo internacional foi assinado na prefeitura da cidade catalã, com a presença do secretário da Organização das Nações Unidas para assuntos climáticos, Ricardo Lagos. A carta foi o ponto alto da Wineries for Climate Protection, conferência internacional organizada pela Federação Espanhola de Vinho nos dias 9 e 10 em Barcelona e a ideia é que este compromisso seja renovado a cada dois anos.

Fonte: http://www.mariajoaodealmeida.com / Ana Filipa Luzia