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Alentejo exporta 13 milhões de litros de vinho
Consolidada a liderança no mercado nacional, com 43 por cento do total de vendas, os produtores de vinho do Alentejo apostam agora nas exportações, actualmente na ordem dos 13 milhões de litros, equivalente a 15 por cento da produção total (85 milhões de litros). Brasil surge como a primeira escolha, tendo registado em 2010 um aumento de 48 por cento em relação ao ano anterior.

Angola, Estados Unidos da América e China são outros países para onde os 350 produtores de vinho alentejano pretendem reforçar o volume de exportações.

Com uma produção de 17 milhões de litros e 20 milhões de garrafas em 2010, a Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz assume-se como líder no mercado nacional, com 24 referências de vinhos, licores e espumante. Nos próximos anos, pretende aumentar de 12 para 40 por cento o volume de produto exportado. "Exportamos dois milhões de litros e temos como objectivo aumentar para cinco a sete milhões", refere José Canita, director--geral da cooperativa, que desde a sua fundação, em 1971, já viu os vinhos receberem 270 prémios.

Com cerca de 900 associados e 90 funcionários, esta cooperativa regista um volume de negócios de 30 milhões de euros. Grande parte dos lucros são canalizados para novos vinhos, acções sociais e investimentos na modernização e certificação. "Na ampliação da área de engarrafamento e modernização tecnológica serão investidos 4,8 milhões de euros", refere o director-geral da cooperativa, que tem em todo o concelho cerca de 3700 hectares de vinha.

Além de Reguengos de Monsaraz, existem grandes manchas de vinha exploradas por associados das cooperativas de Vidigueira, Portalegre, Redondo e Borba. A adega do Esporão, do empresário José Roquette, e a da Cartuxa, propriedade da Fundação Eugénio de Almeida, estão entre os maiores produtores privados. Nesta última, situada às portas de Évora, são trabalhados 510 hectares de vinha. A adega engarrafa três milhões de garrafas e o volume de negócio é na ordem dos 12 milhões de euros.

DISCURSO DIRECTO

"FUTURO É O VINHO A COPO E A EXPORTAÇÃO", Dora Simões, Presidente da CVRA

CM - O sector vitivinícola sente os efeitos da crise?

Dora Simões - O sector do vinho não é excepção. No entanto, existe um movimento positivo dos produtores do Alentejo quanto à internacionalização das marcas.

- Há adegas em dificuldades. A união de produtores e a diminuição de marcas é solução para ultrapassar o problema?

- Há de facto uma multiplicidade de marcas no mercado. Muitos produtores não vão conseguir manter--se de modo sustentado no mercado doméstico nem conseguir exportar. A união dos produtores será um bom caminho, se for feita com profissionalismo.

- Como vão ultrapassar a forte concorrência do mercado?

- O mercado nacional está estagnado. O consumo de vinho a copo na restauração e a exportação são vias sólidas para o negócio con-tinuar a crescer.

PRODUTOS INOVAM SEM DESCURAR TRADIÇÃO

Rodeado de grandes produtores e marcas da região de Évora e Reguengos de Monsaraz, a adega da Ervideira, situada em Vendinha, tem sobressaído nos últimos anos pela aposta na inovação. Em 2010, o mercado foi surpreendido com um vinho branco, marca ‘Invisível', obtido a partir da lágrima de uvas tintas da casta Aragonez. "Tem sido um sucesso. Passámos de 13 mil garrafas no primeiro ano para 34 mil este ano", refere o produtor Duarte Leal da Costa.

Mas esta adega distinguiu-se também no início da última década pelos novos métodos da apanha da uva. "Introduzimos a vindima mecânica que é feita durante a noite. Mas a modernização está sempre de mãos dadas com a tradição e a qualidade dos nossos vinhos", explica. Com uma área de vinha de 160 hectares, a adega da Ervideira produziu na última campanha 700 mil garrafas. Tem por objectivo atingir 1,4 milhões de garrafas a curto prazo. As exportações situam-se na ordem das 300 mil garrafas, 40 por cento do total da produção.

PRODUÇÃO ESTÁ ESGOTADA

Gerida pelo pai e dois filhos, a adega do Monte da Comenda Grande, em Igrejinha, Arraiolos, tem alcançado desde 2003 a confiança do consumidor. Nesse ano foram produzidas 13 mil garrafas. Na última campanha, foram 100 mil. "Não temos stocks. Prescindimos da quantidade em benefício da qualidade", refere António Noronha Lopes. Com o irmão, Nuno Lopes, partilha o crescimento da empresa com a consolidação da marca no mercado nacional e o aumento da vinha.

PREÇO MÉDIO POR GARRAFA É 3,88€

Segundo a CVRA, o preço médio por garrafa de vinho DOC (Denominação de Origem Controlada) Alentejo é de 3,88 euros. Este valor é superior à média do mercado nacional, 3,45 euros. No entanto, os apreciadores podem encontrar no mercado vinho alentejano desde 1,19 euros a garrafa. Há também vinho premiado em concursos cuja garrafa custa menos de cinco euros.

 

 

Fonte: Correio da Manhã / Alexandre M. Silva