Apesar de liderar os negócios com "mão de ferro", reunindo um património que hoje prossegue na marca de vinho do Porto líder do mercado, dona Antónia ficou também conhecida como a "mãe dos pobres" pela ajuda que lhes proporcionava e por ter ajudado na construção dos hospitais da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego.

É para realçar a sua obra social que as marcas Porto Ferreira e Casa Ferreira estão a apoiar, desde abril até setembro, a criação de emprego, premiando "boas ideias de negócio". Será atribuído um prémio de 2500 euros a 18 micro empresários, três por mês.

A iniciativa está inserida nas comemorações do bicentenário de dona Antónia e conta com a parceria da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC).

A "Ferreirinha da Régua" nasceu a 04 de julho de 1811. Em 2011 assinalam-se os 200 anos do seu nascimento no seio de uma família de produtores de vinho. Após enviuvar em 1844 assumiu a gestão da empresa.

Foi em plena época de crise, num Douro devastado pela filoxera, uma praga que ataca a raiz da videira, que se revelou "o génio" de dona Antónia.

"Perante a adversidade e a ruína ela nunca deixou de investir, lançando-se em empreendimentos que, na altura, eram vistos como arriscados mas que depois se vieram a revelar de grande sucesso, como o avançar com a plantação de vinhas no Douro Superior", salientou Raul Ramos Pinto, diretor de marketing da Sogrape Vinhos que, em 1987, adquiriu parte da obra comercial da empresária.

Quando morreu, aos 85 anos, Dona Antónia deixou como herança um vasto espólio de quintas, chegando a adquirir 23 propriedades por toda a região demarcada, pipas de vinho, uma preciosa garrafeira, a maior empresa nacional de vinho do Porto e construindo uma vasta obra de solidariedade.

Outro exemplo deixado pela empresária foi, segundo o responsável, a "resistência às tentações do poder".
"Por várias vezes lhe tentaram oferecer títulos nobiliárquicos e ela recusou sempre, até ao fim da sua vida. Todo o sucesso que teve como empresária foi sempre sem se submeter ao poder", afirmou.

A Sogrape pegou no património da "Ferreirinha" e expandiu-o. A empresa afirma que a Porto Ferreira é "indiscutivelmente" a marca mais portuguesa de vinho do Porto e que continua a ser "uma referência no sector e no mundo".

"A Ferreira vende cerca de 500 garrafas de vinho do Porto por hora", salientou Raul Ramos Pinto.

Esta é a marca líder em Portugal, mas é também vendida nos mercados tradicionais do vinho do Porto, como França e Espanha, e está a conquistar novos mercados como o México.

Fonte: Lusa