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Douro: Região estima "quebra significativa" de produção nesta vindima
A Região Demarcada do Douro prevê para esta vindima uma produção de vinho a rondar as 240 mil pipas, o que representa uma quebra entre os 25 a 30 por cento em relação às estimativas para 2010.

Segundo dados da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) divulgados hoje, a expetativa de colheita para esta vindima é de cerca de 240 mil pipas, num intervalo de previsão entre as 218 e as 264 mil pipas.

As previsões apontam para uma "diminuição significativa" de cerca de "25 a 30 por cento" relativamente ao potencial de produção previsto para 2010, que rondava entre as 303 e as 366 mil pipas.

Fernando Alves, diretor executivo da ADVID, afirmou à Agência Lusa que a instabilidade climática, com períodos de muito calor entre abril e maio, seguido da ocorrência de trovoadas e queda de granizo, criou as condições propícias para ataques das doenças da videira, míldio, oídio e traça da uva.

O míldio originou perdas importantes de produção no Baixo Corgo e alguns locais do Cima Corgo e Douro Superior.

Fernando Alves sublinhou que 2011 "é um dos anos mais preocupantes de pressão de míldio" da última década.

 As estimativas divulgadas não incluem o último fim-de-semana de junho, em que o calor intenso provocou danos elevados em algumas castas durienses mais sensíveis, com destaque para a tinta Roriz, nos locais mais expostos.

Por isso, segundo o responsável, o resultado final da próxima vindima "vai depender" das condições climáticas que se registaram até setembro.

 Óscar Quevedo, produtor em São João da Pesqueira, afirmou à Lusa que este está a ser "um ano muito difícil para o Douro".

"No final de junho houve um ataque muito forte e generalizado de míldio pela região. Nós temos videiras de Tinta Roriz que perderam a produção toda. Mesmo os produtores que fizeram mais tratamentos do que a média da região, também tiveram problemas", referiu.

Óscar Quevedo fala em casos de produtores que terão perdido "mais de 40 ou 50 por cento da sua produção" e que eventualmente "até terão dificuldade em terem uvas para cobrir o benefício de vinho do Porto".

Mas, segundo explicou, o mau quantitativo previsto para esta vindima "não significa que seja um mau qualitativo", até porque a "videira vai ter menos cachos, logo mais facilidade em amadurecer bem os cachos que ficaram e consequentemente poderão fazer melhor vinho".

Recentemente a Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro) reivindicou ao Ministério da Agricultura um Plano de Emergência para o Douro devido a prejuízos de "mais de 60 por cento" nas vinhas, causados precisamente pela doenças do míldio, oídio e "podridão negra", que se tornaram num "prejuízo incomportável para as pequenas e médias explorações durienses".

As previsões da ADVID são efetuadas com base no modelo pólen, recolhido em maio nas três sub-regiões do Douro: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior.

Esta ação é feita pela ADVID com o apoio do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e análise laboratorial e estatística da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

 

Fonte: Lusa