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Alentejo - Produtores esperam menor produção devido ao míldio e mau clima
A produção de vinho de Alentejo deve sofrer este ano uma diminuição devido "à instabilidade climática", que permitiu "o desenvolvimento de míldio" mas sem prejudicar a qualidade final, afirmou a presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

Segundo Dora Simões, não é possível antecipar os prejuízos, uma vez que "a vindima se está a iniciar e não existem dados concretos que permitam avançar com um valor global para a região".

As vindimas já decorrem no Alentejo e, em três adegas cooperativas contactadas pela Lusa, as perspetivas são de decréscimo de produção, variável entre 10 a 40 por cento, embora a qualidade do vinho não seja afetada, prevendo-se uma ano de "muito boa qualidade".

Em declarações à agência Lusa, a presidente da CVRA, Dora Simões, explicou que o decréscimo previsto resulta da "instabilidade climática que se registou em todo o país, com períodos de calor e precipitação", o que contribuiu para "o desenvolvimento de míldio", dando origem a que alguns cachos secassem, diminuindo a concentração de cachos por videira.

"Este decréscimo não terá consequências na qualidade do vinho, uma vez que a menor concentração de cachos na videira permite obter maior concentração e qualidade do vinho", salientou.

Dora Simões realçou que as uvas apresentam atualmente "uma boa maturação", sendo deste modo previsível "um ano vitivinícola de muito boa qualidade no Alentejo".

Na Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz (CARMIM), no distrito de Évora, cujos associados já começaram as vindimas no dia 11, a perspetiva é de "uma diminuição de produção entre 10 a 20 por cento", face a 2010, disse à Lusa o enólogo da empresa, Rui Veladas.

O técnico da CARMIM explicou que "a primavera foi extremamente favorável ao desenvolvimento de míldio, que provocou algumas quebras de produção", acrescentando que o granizo que caiu em várias trovoadas afetou também algumas vinhas.

O enólogo referiu que tem ainda dificuldade em dar uma estimativa da quantidade de uva que a CARMIM  vai receber dos seus associados, indicando que em 2010 a empresa recebeu 23,4 milhões de quilos de uva.

Segundo Rui Veladas, as previsões apontam para uma "boa" qualidade da uva, visto que houve "boas maturações devido a um verão menos quente".

Também na Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito, no distrito de Beja, cujas vindimas entre os associados arrancaram na quarta-feira, a previsão aponta para "uma quebra acentuada na produção, essencialmente nas uvas brancas, cuja quebra deve atingir os 35 por cento", em relação a 2010, segundo o presidente, Joaquim Carvalho.

O responsável indicou ainda que a Adega espera receber este ano sete milhões de quilos de uva, enquanto em 2010 recebeu 9,5 milhões de quilos.

"A uva está a vir belíssima e com bom grau, o que significa que vamos ter boa qualidade de vinho", assegurou à Lusa o presidente da Adega.

Na Adega Cooperativa de Portalegre, os indicadores apontam também para uma quebra de produção a rondar os 40 por cento, face a 2010, de acordo com a diretora de produção, Cristina Francisquinho.

A técnica da empresa atribuiu também ao "muito míldio" que afetou a uva, uma das principais causas da quebra de produção, mas revelou que houve também algum abandono de vinhas por parte dos proprietários que são associados da cooperativa, e que a concorrência está a adquirir uva a sócios da Adega.

Segundo a responsável, em 2010, a Adega de Portalegre rececionou 2,4 milhões de quilos de uva, e a vindima começa segunda-feira na empresa.

 

Fonte: Lusa