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Dão: Produtores de vinho acreditam que vão "fintar" a crise com as exportações
O setor do vinho não escapa à crise mas, ainda assim, produtores da Região Demarcada do Dão estão convictos de que a conseguirão "fintar" se mantiveram a aposta na exportação e na qualidade dos produtos.

Júlia Kemper, uma advogada que decidiu apostar nas vinhas da família na Quinta do Cruzeiro, em Mangualde, contou à agência Lusa não ter dificuldades de escoamento dos seus vinhos graças à exportação.


"Eu acho que é o que os portugueses têm que fazer com quase tudo. Nesta crise que vivemos, quem produz tem que exportar", defendeu, convicta, contando que neste momento exporta para toda a Europa, mas quer chegar também ao Brasil e aos Estados Unidos.


Esta é também a opinião de Alberto Pinto, da Quinta da Espinhosa, situada em Vila Nova de Tázem (concelho de Gouveia), segundo o qual "a única hipótese" é apostar sempre em produtos de qualidade e "tentar abrir novos mercados" através da exportação.


"Felizmente os vinhos do Dão começam a ser apreciados no estrangeiro já de há um tempo a esta parte, com a nova vaga de produtores. É tentar lutar cada vez mais e tentar fazer sempre melhor", considerou.


A Sogrape, que em 1990 adquiriu na Região Demarcada do Dão, mais concretamente em Mangualde, a Quinta dos Carvalhais, também não se queixa das exportações.


"A crise é mais em Portugal e aí nota-se alguma retração, o que é natural, mas que tem sido colmatada com as exportações", disse Manuel Vieira, diretor de enologia da região do Dão e dos Verdes da Sogrape.


Por isso, não tem dúvidas: "é essencial neste momento pensarmos nas exportações, mantê-las e tentar aumentá-las e, ao mesmo tempo, cá em Portugal fazer produtos que se adaptem às novas exigências do consumidor".
Garantiu que a qualidade "é um ponto assente" e "está sempre acima de tudo, desde o princípio de gama até à gama superior" dos vinhos.


"Todos os nossos vinhos se pautam por ter uma grande preocupação de qualidade, mesmo quando são mais baratos", garantiu.


A grande preocupação que os produtores têm em relação à qualidade dos seus vinhos leva-os a não pensarem sequer em cortes nos gastos desta vindima, apesar de as notícias anunciarem tempos ainda mais difíceis.
"Nós temos não só uma marca, temos um produto de marca", realçou Júlia Kemper, que não quer defraudar as expectativas que os seus clientes têm em relação ao vinho com o seu nome.


Na Quinta do Cruzeiro pratica-se agricultura biológica, mais dispendiosa. "Temos feito uma gestão hiper criteriosa, mas cortar, basicamente não cortamos em nada, porque é impossível", garantiu.


Também na Quinta da Espinhosa se tentam reduzir os gastos, mas mais à custa do trabalho de família.
"Não podemos ter menos pessoas na vindima, porque há uma quantidade mínima para que o trabalho seja rentável. Tentaremos poupar durante o ano mais nos colaboradores, fazendo nós o trabalho", frisou.


Na Sogrape, a racionalização de meios e de despesas já começou há mais de dois anos e, portanto, "este não é diferente do ano passado", explicou Manuel Vieira.


"Felizmente antecipámo-nos à crise, o que é sempre um bom ato de gestão", acrescentou.

Fonte: Lusa / Ana Ferreira