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Apesar do míldio, vão ser premiadas empresas que trabalham vinho "de manhã à noite"
O enólogo e produtor João Portugal Ramos alimenta "muito boas perspetivas" na campanha vitivinícola deste ano e desdramatiza os "toques de míldio" que reduziram a produção, contrapondo que quem levou "a vinha ao colo" vai ser premiado.

"As perspetivas são muito boas. As maturações desenvolveram-se gradualmente, sem grandes 'esticões' de calor, o que beneficiou muito as uvas", disse hoje à agência Lusa o produtor, cuja vindima na sua herdade "às portas" de Estremoz (Évora) ainda decorre.

A maior parte da produção vitivinícola do grupo João Portugal Ramos tem "assinatura" do Alentejo, mas o produtor, um dos nomes de referência no mundo do vinho em Portugal, produz também no Douro, Beiras e Tejo.

Marquês de Borba, Vila Santa, Lóios, Conde de Vimioso e diversas monocastas são algumas das marcas dos seus vinhos mais conhecidas, tendo o produtor lançado também, há dois anos, um azeite e um vinagre.

Apesar de este ser um ano "ameno" e, ao mesmo tempo, "super difícil, cheio de doenças e com muita humidade", João Portugal Ramos afirma-se otimista quanto à qualidade esperada para a atual colheita.

Uma antevisão que não esmorece, mesmo com a esperada quebra da produção devido aos ataques de míldio, que prejudicaram viticultores de norte a sul do país.

Os "toques de míldio fizeram de facto baixar a produção", mas a diminuição, que deve rondar em média os 20 a 30 por cento no Alentejo, "até beneficia o setor", disse.

"Para regular um pouco os preços é bom, porque encoraja quem produziu bem. Se fosse uma colheita, em volume, igual à do ano passado, os preços iam ressentir-se mais. Assim, premeia um pouco quem tem uvas", considerou.

O enólogo realçou que, perante a crise, vive-se uma "altura crucial" para a definição das várias atividades, como é o caso da do vinho, em que se vai "separar o trigo do joio".

As empresas "altamente profissionalizadas" serão "menos afetadas" pelos "contratempos meteorológicos", como o do míldio, porque se precaveram, logo na vinha, ao contrário de outros produtores.

"Como o mercado está em baixa, com dificuldades de escoamento das uvas, as pessoas não estão tão em cima do assunto e tentam não fazer um ou outro tratamento, porque é caro", disse, exemplificando que, por isso, alguns produtores ficaram "sem uvas este ano".

Uma situação que João Portugal Ramos qualificou como "ossos do ofício", destacando que, num mercado "muito competitivo" como o deste setor, "mais uma vez, vão ser premiadas este ano as empresas que trabalham, sonham e pensam no vinho de manhã à noite".

 

Fonte: Lusa/RRL.