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Município e Adega de Borba recuperam tradição de produzir vinho de talha
O município e a Adega Cooperativa de Borba vão produzir novamente este ano vinho de talha, um processo que era bastante utilizado no concelho alentejano pelos proprietários de várias tabernas típicas.

As talhas, designadas na época romana como "dolias", são recipientes de barro cozido, geralmente com capacidade de cerca de mil litros, revestidos no seu interior por pez, para que o vinho não entre em contacto com o barro.

Utilizadas um pouco por todo o Alentejo, as talhas são usadas para o fabrico de vinho para consumo próprio, prática que ainda se mantém em algumas tabernas típicas da região.

Segundo a autarquia, a produção de vinho de talha, é uma tradição do Alentejo, sendo a única região do mundo onde ainda se utiliza esta prática.

Numa iniciativa conjunta, a autarquia e a adega recuperaram em 2010 a tradição de produzir vinho de talha, tendo para o efeito sido reabilitada a antiga adega existente no edifício do atual Centro Cultural de Borba, onde foram instaladas duas talhas com capacidade para 800 litros cada, nas quais se produz vinho tinto e branco.

Segundo o presidente do município de Borba, Ângelo de Sá, a iniciativa pretende contribuir para "a preservação e divulgação de usos e costumes da região", dando continuidade a "uma tradição mantida até há bem pouco tempo pelos donos de algumas tabernas típicas de Borba".

Aliado a este projeto, de acordo com o autarca, está também um fator histórico, através da preservação de uma tradição iniciada pelos fenícios e difundida pelos romanos, há cerca de 2000 anos.

Em 2010, segundo o município, foram produzidos cerca de 800 litros de vinho branco e idêntica quantidade de tinto, produção que se vai manter este ano.

O município e a Adega Cooperativa pretendem dar continuidade a esta iniciativa nos próximos anos.

Segundo a autarquia, o vinho produzido em 2010 foi dado a provar no dia de São Martinho, na Festa da Vinha e do Vinho, em Borba, cuja edição deste ano começa a 05 de novembro, decorrendo até dia 13.

Para a produção dos vinhos foram selecionadas as castas tradicionais da região, Rabo de Ovelha e Roupeiro para o vinho branco, Trincadeira, Periquita e Aragonez para o vinho tinto.

Tendo em consideração as temperaturas amenas registadas nos meses de agosto e setembro, prevê-se, de acordo com a autarquia, um vinho branco "bastante fresco e frutado", e um vinho tinto "com muita cor, macieza e estruturado".

No dia de São Martinho (11 de novembro), na Festa da Vinha e do Vinho, em Borba, podem ser apreciadas estas características do vinho, juntamente com as castanhas assadas, cumprindo o ditado popular "no dia de São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho".

De acordo com a autarquia, esta forma de produzir o vinho está a perder-se à medida que os proprietários das tabernas típicas que a utilizavam vão chegando ao final das suas vidas.

 

 Fonte: Lusa/TCA.