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Os vinhos portugueses "devem manter identidade para singrar no estrangeiro"
Os vinhos portugueses devem manter a sua "identidade e qualidade" para singrarem no estrangeiro, defendeu hoje em Macau o enólogo da Quinta do Vale do Meão, Francisco Olazabal.

"Temos uma coisa única que mais ninguém tem: temos castas que só existem em Portugal e, primeiro, temos de manter a nossa identidade; segundo fazer bem, ser consistentes ano após ano, e em terceiro lugar temos de ter paciência", disse.

"É impossível mudar tudo num dia", disse Francisco Olazabal, reconhecendo que é difícil para Portugal competir com a tradição vinícola de 200 anos de algumas regiões e países como a França, ou mesmo com os vinhos do Novo Mundo como os do Chile e da Argentina, pelo que o melhor é "ser consistente" e não ceder à tentação de "copiar os outros".

"Não podemos de um momento para o outro dizer que os nossos vinhos são melhores e que vão substituir os vinhos franceses. É impossível porque existe um trabalho de 200 anos. Também é impossível competir com os vinhos chilenos e argentinos, que têm uma promoção diferente da nossa, e que são fáceis de explicar porque têm uma casta, enquanto os nossos são misturas de várias castas", explicou.

Entre os entraves ao aumento das exportações dos vinhos portugueses, Francisco Olazabal identificou a falta de volume e a falta de dinheiro para investir em marketing, bem como de "uma rede de restauração como as de que dispõem os espanhóis e italianos para a colocação dos produtos no mercado". 

Nesse sentido, aconselhou os produtores nacionais a tirarem partido da "identidade muito própria", e a "pegarem na mala" e irem para fora "explicar" os vinhos.

"Quando surgiram estas grandes regiões [de vinhos], as pessoas andaram a vendê-los no mundo inteiro. Nós temos de fazer exatamente a mesma coisa e não ter pressa: mais vale fazer as coisas devagar e bem. Nós temos vinhos diferentes, não temos de compará-los com nenhuns", considerou.

Apesar das dificuldades, o enólogo defendeu que nos últimos 10 anos houve "uma revolução qualitativa" no mundo dos vinhos em Portugal: "Passámos de cinco ou 10 vinhos razoáveis em Portugal para 100 vinhos muito bons e 1.000 ou 2.000 bebíveis ou muito interessantes", vincou.

"Também não temos muito volume e não podemos gastar muito dinheiro em marketing quando nos falta algum volume. É sempre possível ter mais volume de vinhos top e fazer melhor, mas o importante é ser consistente e ser persistente", concluiu.

O enólogo está em Macau no âmbito de uma promoção da empresa Vino Veritas que se dedica à importação e comercialização de produtos portugueses.

 

Fonte: Lusa/JCS/FV.