A Quinta de Roriz "tem uma espessura histórica e um papel especial" na história do Douro, afirmou Gaspar Martins Pereira à Lusa, "porque por um lado é uma quinta que está no limite da zona pioneira do século XVIII - de tal maneira que não é incluída na primeira demarcação mas que se encontra agora no coração geográfico da região - e, por outro lado, é a primeira grande quinta adquirida por um estrangeiro, em 1749".
A apresentação do livro no Porto está marcada para às 18.30 horas, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, no Porto, e será feita por Vasco Graça Moura. Segue-se a 25 de outubro, a apresentação por Mário Cláudio, no Teatro de Vila Real, e a 26 de outubro, na Fundação Arpad-Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, por António Barreto, que é também autor do prefácio.
A edição é da responsabilidade de Edições Afrontamento, da Família Symington, e de João van Zeller, um dos últimos proprietários de Roriz, que foi quem convidou o historiador para fazer o livro.
Especialista da história da região duriense, Gaspar Martins Pereira inicia o percurso milenar da Quinta de Roriz, com os vestígios da ocupação romana para o prosseguir até à passagem da agricultura tradicional de subsistência para a vitivinicultura, a partir da qual ela entra decididamente na história da mais velha região demarcada do mundo.
"A vinha teve de conquistar terra aos matagais, com lobos e com caça grossa até bem dentro do século XX, e aos cereais", lembrou Gaspar Martins Pereira, notando, que "desde meados do século XVIII ela torna-se uma quinta vitícola para exportação, um dos raríssimos casos pioneiros em que uma quinta desta grandeza está nas mãos de um exportador".
A aquisição de quintas por comerciantes de Vinho do Porto é um fenómeno do final do século XIX.
A história da quinta vai cruzar-se com algumas das famílias mais importantes do comércio do Vinho do Porto, que por sua vez se cruzam entre elas.
Como notou o historiador, neste livro é possível verificar que "entre a aristocracia do Port Wine há uma grande endogamia". O seu primeiro grande proprietário foi Diogo Archibold, exportador inglês de vinhos, que terá feito investimentos importantes na quinta que se viriam a revelar pesados num momento de crise, de tal forma que quando a quinta passa para as mãos do seu filho a empresa familiar está falida.
A propriedade acabaria por ser vendida a Nicolau Köpke, também estrangeiro mas naturalizado português, e ao longo dos séculos, por vários casamentos e heranças acabou por transitar para a família van Zeller, que a manteve até maio de 2009, altura em que o seu proprietário, João van Zeller, a vendeu à família Symington, com quem aliás tem laço familiares e que já algum tempo colaborava na gestão da propriedade.
Durante a maior parte da sua história, não foram os proprietários da quinta que comercializaram os vinhos com a marca Roriz. Desde o final do século XVIII, esse papel coube à empresa Köpke, mas a sua falência, na segunda metade do século XIX, suscitaria um longo conflito em torno da marca. Mais recentemente já com João van Zeller, e em colaboração com a Família Symington, a quinta recuperou a sua marca, criando alguns vinhos que se notabilizaram. Mas vinho não foi o único produto a sair das encostas de Roriz o mel e, muito especialmente, a extração de estanho também tiveram o seu papel na história da propriedade.
E desenganem-se os que acham que a casta Tinta Roriz tem algo a ver com a quinta. Como esclarece Gaspar Martins Pereira, "a Tinta Roriz não vai buscar à quinta o nome, aliás ela só seria introduzida no final do século XIX, antes é à Touriga Nacional e sobretudo à Tinta Francisca que o vinho de Roriz deve as suas características".
Fonte: Lusa/David Pontes
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