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Douro: Quinta do Portal corta as últimas uvas para o "Late Harvest"
A Quinta do Portal, em Sabrosa, está a cortar as últimas uvas para o "Late Harvest", uma colheita tardia que se faz um pouco por todo o mundo e é também uma aposta de algumas quintas do Douro.

O castanho, o amarelo e o vermelho são agora as cores que pintam as encostas durienses. Vive-se o pleno outono e, ao mesmo tempo que se começa a apanha da azeitona na mais antiga região demarcada do mundo, a Quinta do Portal corta as últimas uvas para o "Late Harvest".

Na vinha, algumas das mãos que cortam as uvas em setembro são as mesmas que pegam agora nas tesouras, protegidas por luvas que ajudam a enfrentar o tempo mais frio.

As videiras quase despidas ajudam no corte e na escolha das uvas ideais para o Late Harvest ou seja, as que apresentam um aspeto já muito parecido com as passas.

O enólogo da Quinta do Portal, Paulo Coutinho, explicou à Lusa que este processo tira partido da chamada "podridão nobre", um fungo que resulta na desidratação das uvas e na concentração dos açúcares, acidez e aromas.

Para Adélia Ferreira, vindimar em novembro já não é uma novidade: "Esta é diferente porque agora as uvas estão mais maduras do que em setembro. Mas gosto tanto de fazer uma como a outra. Cada qual tem o seu valor", afirmou a trabalhadora de Vilarinho de São Romão, concelho de Sabrosa.

Já Maria Fernanda Pereira, de Baião, é a primeira vez que corta uvas nesta altura. "Agora é mais frio, mas até se anda melhor. Na parte do verão tiramos as uvas boas e agora este tem outro efeito. É diferente", referiu.

As condições meteorológicas atípicas verificadas este ano, com o outono mais seco dos últimos 80 anos, influenciaram também esta vindima tardia, tornado mais difícil obter os resultados pretendidos.

"As uvas estão queimadas pelo sol e a concentração que houve foi apenas pelo calor e falta de humidade e não tanto pela ação do fungo, como seria de esperar. Vamos tentar fazer na mesma a colheita tardia. Não teremos é, se calhar, aquela complexidade natural pelos aromas que o fungo transmite", frisou.

As uvas colhidas agora, das castas moscatel e viozinho, são levadas para a adega, onde lhes é retirado o engaço e depois esmagadas. Para travar a fermentação e preservar o açúcar pretendido, o enólogo recorre a uma levedura encapsulada e à ação do frio sulfuroso, técnicas já utilizadas para o espumante.

A fermentação deste vinho é lenta, demorando entre quatro a cinco meses, passando depois por uma maturação em barrica. É lançado no mercado cerca de dois anos depois.

Paulo Coutinho diz que este é um vinho de "sobremesa por excelência".

A Quinta do Portal vende o Late Harvest em garrafas de 375 mililitros, produzindo uma média anual de cerca de três mil garrafas que são vendidas nos mercado nacional e internacional.

No entanto, segundo o responsável, na exportação contam com a concorrência de outros produtores porque atualmente se faz um pouco por todo o mundo. A colheita tardia é originária dos países do norte da Europa.

O enólogo fez ainda um balanço positivo da vindima 2011 na Quinta do Portal, onde disse que se verificou até um aumento de produção e se preveem vinhos brancos e tintos de "excelente qualidade".

Em toda a Região Demarcada do Douro verificou-se este ano uma quebra de produção em relação a 2010 que deverá rondar os 20 por cento.



Fonte: Lusa/Paula Lima