O documento refere que se trata de possibilitar ao público uma escolha informada e defende que só com referência ao tipo de vedante utilizado em cada garrafa é que os consumidores podem "escolher um produto que seja mais correto do ponto de vista ambiental e que traga mais-valias socioeconómicas para o país" - numa "discriminação positiva" dos vinhos que assim "defendem a biodiversidade dos montados de sobro e diminuem a pegada de carbono".
Pedro Borges é o autor da petição e, reconhecendo que essa representa uma reivindicação já antiga, declarou à Lusa: "Estamos confiantes de que esta proposta vai passar a lei, porque não envolve qualquer tipo de protecionismo e trata-se apenas de prestar uma informação completa ao consumidor, para que ele faça as suas opções de compra como bem entender".
O dinamizador da iniciativa afirma que a maioria dos consumidores portugueses de vinho está consciente das vantagens da rolha natural e terá assim possibilidade de evitar deceções, como acontece de cada vez que "chegam a um supermercado ou restaurante, escolhem uma garrafa e só ao abri-la percebem que tipo de vedante ela usava".
Sobre a recetividade dos produtores quanto às eventuais alterações a implementar nos rótulos das suas marcas, Pedro Borges admite: "Há uns anos a cortiça tinha uma imagem negativa e muitos produtores quiseram demarcar-se dela. Mas hoje já perceberam que ela tem vantagens e que a tendência dos consumidores é para valorizar os produtos com cortiça natural".
Diogo Albino, gestor da marca "Torre do Frade", que em 2010 desenvolveu uma campanha de marketing valorizando precisamente a rolha de cortiça, reconhece que cada produtor "já tem a opção de referir ou não esses dados no rótulo dos seus vinhos", mas garante: "Ainda muito pouca gente o faz e claro que há clientes que se sentem defraudados quando chegam a casa e, ao abrirem uma garrafa, descobrem que o vedante era sintético".
Para esse responsável, a legislação obrigando a rótulos mais detalhados não só permitiria ao consumidor "a escolha informada e consciente a que ele tem direito", como teria também a vantagem de demonstrar confiança num dos principais produtos nobre do país.
"Temos que dar o exemplo aos produtores de vinho do Chile, da China e de todo o mundo, demonstrando que confiamos na nossa cortiça porque ela é o melhor vedante que existe. Afinal, se um vinho português usa vedante sintético, o que está a dizer é que não confia no produto principal", explica Diogo Albino.
Duarte Leal da Costa, diretor-geral da Herdade da Ervideira, recorda que essa foi "a primeira empresa do mundo a colocar o símbolo 'CorkMark' nas suas garrafas" e não tem dúvidas de que, na hora da compra, o consumidor faz distinção "entre uma rolha de cortiça, que é um produto verdadeiramente bom, e outro vedante qualquer, derivado do petróleo".
"Não acontecerá com os consumidores de muito vinho, mas os grandes apreciadores, quando escolhem uma garrafa, decidem o grau de álcool, a capacidade, a origem, as castas e a temperatura. Porque é que só em relação ao que está por baixo da cápsula é que não têm informação que lhes permita escolher?", admite o empresário.
Duarte Leal da Costa acredita que os produtores que utilizam vedantes sintéticos vão ressentir-se da referência obrigatória a esse aspeto nos rótulos das garrafas, mas defende que em causa está "a postura das próprias empresas, que não podem vergar-se a tudo o que dita o mercado, sob pena de perderem personalidade".
Como exemplo dessa resistência a favor de um produto que se afirmou "não por moda ou modernice, mas porque é efetivamente muito melhor", o diretor-geral da Ervideira revela: "Recebemos este ano da Holanda uma encomenda de 80 mil garrafas, na condição de serem com 'screw cap' [tampa de rosca]. Dissemos-lhe 'não'. E as garrafas seguiram na mesma, claro que com rolha de cortiça".
Fonte: Lusa/AYC.
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