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Douro: Até 2050, temperatura média sobe e precipitação desce
O Douro poderá sofrer, até 2050, um aumento da temperatura média entre abril e outubro de 1,8 a 4,3 graus e uma redução na precipitação anual que poderá atingir 15 por cento dos valores atuais.

Estudos da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) apontam para um aumento na temperatura média e redução de precipitação entre os meses de abril e outubro, período de crescimento vegetativo da videira.

De acordo com um comunicado enviado hoje à imprensa, estes estudos enquadram-se nos projetos âncora da ADVID, visam uma melhor compreensão do clima regional, a antecipação de cenários e o planeamento de novas medidas de proteção complementares às usadas tradicionalmente na região.

Neste sentido, a ADVID associou-se à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e à Universidade de Aveiro na execução do projeto "ClimeVineSafe".

O objetivo é definir estratégias de curto prazo para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

Entre as medidas estudadas está o recurso à aplicação de "protetores solares" para a videira, capazes de reduzir a temperatura da folha e permitindo uma correta fotossíntese, fonte da qualidade das uvas e dos vinhos.

A ADVID lidera o cluster dos Vinhos do Douro, que junta empresas exportadoras, sociedades vitivinícolas, produtores engarrafadores, adegas cooperativas, associações setoriais, organismos reguladores, universidades nacionais e estrangeiras, empresas metalúrgicas, biotecnológicas, consultoras agrícolas ou viveiristas.


O plano de ação do cluster prevê outros estudos complementares, como a utilização mais eficiente de água pelas plantas, a criação de ferramentas de mapeamento vitícola à escala da região e da propriedade, a promoção da sustentabilidade integrada da produção em viticultura e a racionalização das operações de cultivo da vinha em encosta.

Prevê ainda o estudo do comportamento de castas e porta enxertos, a preservação da biodiversidade genética do património vitícola da Região Demarcada do Douro no polo experimental para a Conservação da Variabilidade das Videiras Autóctones, que é coordenado pela Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID).

De forma a antecipar o impacto das alterações na qualidade dos vinhos produzidos na região, está ainda a ser desenvolvido pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em colaboração com a ADVID, o projeto "Modelização da evolução da qualidade do vinho na RDD".

Segundo o comunicado, este conjunto de ações pretende dotar a região do Douro de "capacidade para lidar com os cenários de evolução climática", colocando-a "na vanguarda das regiões vitícolas de todo o mundo".

Por causa do estudo das alterações climáticas, a ADVID foi recentemente notícia nos jornais "International Herald Tribune" e "The New York Times", que comparam o conhecimento científico e tecnologia gerados no Douro com Champagne, Napa Valley e Bordeaux.

Fonte: Lusa/PLI.