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Douro: Empresa de Foz Côa com plano de conservação do 'pássaro do vinho do Porto'
A Duorum Vinhos SA, empresa do grupo João Portugal Ramos, está a promover um plano de monitorização e conservação do 'pássaro do vinho do Porto', o chasco-preto, uma espécie rara detetada na Quinta de Castelo Melhor, Foz Côa.

A empresa, sediada em Vila Nova de Foz Côa, é a primeira da Região Demarcada do Douro a aderir à iniciativa Business & Biodiversity, promovida pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.

Com terrenos inseridos em áreas de grande importância ecológica, a Duorum teve que conciliar a preservação da natureza e biodiversidade com a exploração agrícola.

Um dos responsáveis pela empresa, José Maria Soares Franco, disse hoje à Agência Lusa que foi necessário cumprir medidas minimizadoras e compensatórias, entre as quais a monitorização da avifauna local, na qual se destaca a águia de Bonelli e o chasco-preto.

Nesse sentido, a Duorum está a promover um Plano de Conservação para o chasco-preto (Oenanthe leucura). Este pássaro reconhecido pelo contraste entre a cauda branca (com um T preto na extremidade) e o resto da plumagem de tom escuro era observado com frequência nas vinhas do Douro e por isso passou a ser chamado como o "pássaro do vinho do Porto". Hoje, é uma espécie rara.          

José Maria Soares Franco referiu que "há pelo menos um casal ativo na exploração". O plano prevê a identificação e caracterização de áreas de nidificação e alimentação, a contagem dos indivíduos, bem como a avaliação do sucesso reprodutor nas condições atuais e a monitorização do período de invernada.

Serão também conservadas as escarpas, ruínas, penedos ou grutas, áreas favoráveis à nidificação e alimentação, e foi reduzido o uso de pesticidas ao mínimo.

Estas medidas visam evitar o desaparecimento do chasco-preto e até, se possível, aumentar a sua presença no local.

Entre outras medidas minimizadoras, a Duorum não pode ainda fazer trabalhos com máquinas entre 15 de janeiro e 15 de junho, que é a época de nidificação. Além disso, não pode fazer intervenções nas zonas das linhas de água ou recorrer a dinamite.

Entre cada dez hectares, a empresa deixou uma faixa de proteção de dez metros para garantir zonas de refúgio da caça da águia de Bonelli, por exemplo. Foram espalhados comedouros e bebedouros por toda a quinta.

Apesar de todos estes constrangimentos, José Maria Soares Franco referiu que a aposta estratégica naquela área está agora a ser comprovada, com os vários reconhecimentos já atribuídos aos vinhos e à empresa.

Para o presidente do grupo, João Portugal Ramos, a adesão à iniciativa da União Europeia Business and Biodiversity "é um balão de ensaio para as empresas do grupo e também para outros operadores do Douro".

Já aderiram a esta rede 63 empresas e organizações portuguesas. O principal objetivo é incrementar o relacionamento entre as empresas e a biodiversidade, para que esta seja preservada.

 

Fonte: Lusa/PLI.