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Brasil: Produtores de vinhos portugueses apostam no crescimento no mercado brasileiro
Os produtores de vinhos portugueses, motivados pela subida do rendimento médio das famílias brasileiras e pelo potencial de crescimento de consumo no Brasil, reforçam a promoção das marcas nacionais naquele mercado no qual esperam aumentar vendas nos próximos anos.

O presidente da Vinhos de Portugal, Associação Interprofissional para a Promoção dos Vinhos Portugueses, Jorge Monteiro, disse à agência Lusa, que o crescimento das exportações para o Brasil tem sido constante, e que a expectativa dos produtores é aumentar o volume de vendas em um milhão de euros anuais nos próximos três anos.

Hoje, o Brasil já é um dos principais destinos de exportação dos vinhos nacionais. Em 2011, o valor das exportações de vinhos portugueses para o mercado brasileiro atingiu os 23,7 milhões de euros, excluindo as de vinhos licorosos, e as perspectivas dos produtores nacionais que já entraram no Brasil é de que as vendas venham a crescer nos próximos anos, apesar dos desafios que têm para enfrentar.

Para promover as marcas de vinhos portugueses no mercado brasileiro, cerca de cem produtores e distribuidores nacionais participaram esta semana na ExpoVinis, a maior feira de vinhos da América Latina, em São Paulo, que começou na terça e terminou na quinta-feira. No evento, só os brasileiros ultrapassaram os portugueses em número de expositores.

O enólogo e diretor da Casa de Santa Vitória, Bernardo Cabral, disse à Lusa que a meta é que as vendas cresçam em dois anos de 80 mil garrafas para 300 mil garrafas anuais no mercado brasileiro. "O baixo consumo per capita [de cerca de 2 litros ao ano] mostra que há espaço para crescer", afirma Cabral.

"Com maior distribuição do rendimento, as pessoas passam a procurar os vinhos mais caros. Mas, primeiro, estes precisam de ser apresentados nas suas diferentes formas de consumo", defendeu, por seu lado, Humberto Jardim, administrador da Henriques e Henriques, empresa produtora de vinhos da região autónoma da Madeira, em declarações à Lusa em São Paulo.

Já o responsável de vendas da Madeira Wine Company, Filipe Carreira, realçou que o aumento do consumo depende de uma melhor informação sobre os vinhos portugueses naquele país. "É um trabalho longo e, no início, não nos focamos no lucro imediato, mas sim num resultado futuro", afirmou.

Além das empresas que querem reforçar as suas vendas no mercado brasileiro, na ExpoVinis estiveram também aquelas que pretendem começar a exportar para o Brasil. É o caso da Quinta do Convento. A administradora da empresa, Cristina Albuquerque, destacou que a crise económica força as empresas a procurarem novos clientes e novos mercados.

"Com a contração da economia na parte europeia, saímos à procura de novos mercados, e o brasileiro mostrou-se uma boa possibilidade, por estar em crescimento", considerou.

Mas o mercado brasileiro também representa para os exportadores alguns desafios. Os mais citados à agência Lusa pelos produtores e distribuidores contactados foram a elevada concorrência, devido à presença de vinhos de diversas partes do mundo, e o peso dos impostos, que prejudicam a relação custo-benefício dos vinhos europeus em geral naquele mercado.

O efeito dos impostos nos preços é perceptível. Uma garrafa do Touriga Nacional, colheita de 2008, da Casa de Santa Vitória, é vendida por 16,50 euros em Portugal e por 95 reais (38 euros) no Brasil. Já uma de Medium Rich Single Harvest, de 1998, da Henriques e Henriques, encontra-se à venda por 18 euros no mercado português e a 150 reais (60,4 euros) no mercado brasileiro.

Estes dois vinhos foram os vencedores portugueses do Prémio Melhores do Vinho da ExpoVinis, nas categorias Tinto do Velho Continente e Doces e Fortificados, respetivamente. A competição envolveu outras oito categorias, nas quais ganharam vinhos brasileiros e de outros países.

 

Fonte: Lusa / FYB.