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Brasill: Aumento de imposto sobre importação tornaria vinhos portugueses pouco competitivos no mercado brasileiro, dizem produtores
O imposto cobrado hoje sobre vinhos importados no Brasil já é alto, mas se aumentar, uma possibilidade quer está a ser estudada, tornará os preços dos vinhos portugueses pouco competitivos naquele mercado, defendem os enólogos, produtores e distribuidores nacionais.

"O Brasil é um mercado à parte. O preço que se paga hoje por um vinho brasileiro, já não vale [fora do país]. E como o vinho nacional é muito caro, o produtor estrangeiro pode cobrar o dobro do preço, que ainda assim é competitivo", declarou à Lusa o enólogo português Jaime Quendera, responsável pela Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões.

Segundo Quendera, um vinho considerado "barato" no Brasil custa hoje cerca de 20 reais (oito euros). Em Portugal, um vinho de qualidade equivalente, teria um preço na prateleira de supermercado de 1,5 euros.

"O prejudicado número um é o consumidor. Hoje, já se paga até quatro vezes mais caro que em outros países. Se aumentar [o imposto], vão pagar oito, dez vezes mais. É inviável e não competitivo, acho que é um tiro no pé", reforça.

No mês passado, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MidC) determinou a abertura de um estudo para avaliar a necessidade de o país aplicar medidas mais restritivas às importações de vinho, a fim de proteger a indústria nacional, após pedido dos produtores brasileiros.

A avaliação está a ser feita por técnicos do Departamento de Comércio do MidC e a previsão, segundo a assessoria do ministério, é a de só esteja concluída dentro cinco a seis meses. Mas se houver mudanças no regime de importações estas terão de ser avaliadas também por um conselho de sete ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que podem optar por não as adotar.

O presidente da Vinhos de Portugal, Jorge Monteiro, e o secretário-geral da Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (FENADEGAS), Costa Oliveira, dizem esperar que a negociação das autoridades portuguesas e europeias com os seus pares brasileiros resulte na não implantação de novas medidas.

"Há uma tentativa de sensibilizar as autoridades brasileiras para que os vinhos europeus não fiquem com uma desvantagem ainda maior em relação aos chilenos e argentinos", afirma Monteiro.

O aumento do imposto sobre os vinhos importados, uma das medidas que está a ser avaliada, preocupa, sobretudo, os produtores portugueses que vêem no Brasil um mercado em expansão no qual querem apostar.

Por isso, ainda esta semana, vários produtores e distribuidores portugueses marcaram presença em dois eventos no Brasil: numa exposição de vinhos portugueses no hotel Windsor Copacabana, no Rio de Janeiro, na segunda, e na Expovinis, a maior feira de vinhos da América Latina, que começou na terça e se prolongou até quinta-feira, em São Paulo.

No evento de São Paulo, a importadora brasileira Ravin protestou contra a possibilidade de aumento da carga fiscal sobre importação de vinhos, distribuindo faixas pretas com a frase "sou contra a salvaguarda", que alguns expositores usaram no braço.  

 

Fonte: Lusa/ FYRO e FYB