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Vinhos: Professor da Católica defende estudos abrangentes sobre consumo nos mercados externos
O professor da Universidade Católica do Porto Tim Hogg defendeu hoje, em Coimbra, a necessidade de serem feitos estudos científicos, de "uma forma estruturada e global", sobre o consumo de vinho português nos mercados externos.

"Temos de ir mais ao fundo e perceber o que é que mexe com as pessoas, o que vai fazer com que a pessoa opte por beber um vinho português. [Estes estudos] não estão feitos de uma forma estruturada, global, virada para os mercados externos, e a nível científico e não só comercial", afirmou.

O coordenador da Agência de I&D da ViniPortugal fez hoje a conferência inaugural do encontro internacional anual "Enometrics XIX", que começou em Coimbra, na Escola Superior Agrária (ESAC), e decorre nos próximos dois dias em Viseu.

"Há muita ciência feita nestas áreas em Portugal, em domínios como a antropologia, história, sociologia, mas, muitas vezes, são feitos de forma solta", adiantou o docente universitário.

Organizado pela associação europeia VDQS (Vineyard Data Quantification Society), o encontro conta com cerca de 50 comunicações de várias áreas da investigação sobre o vinho, não das partes técnicas (como a viticultura ou a enologia), mas sobre domínios relacionados com a economia, o turismo ou a gastronomia ligada a este produto - explicou aos jornalistas o professor da ESAC Orlando Simões.

"Há muita investigação em Portugal na área tecnológica - na viticultura e na enologia - mas não há muita gente a trabalhar na área da economia do vinho", adiantou o representante em Portugal da VDQS.


De acordo com o professor de economia agrária, "muito pouco trabalho ou quase nada se faz na área da análise de mercados, da competitividade do vinho no exterior e mesmo no mercado nacional, dos gostos do consumidor".

"Para se conhecer bem o consumo e a forma como as pessoas consomem é necessário ter um conhecimento sobre o funcionamento dos mercados e as preferências dos consumidores, mas há muito poucos estudos", referiu ainda à Agência Lusa.

Segundo Tim Hogg, a especificidade dos vinhos portugueses consiste em "sabores, aromas e texturas que não se encontram em vinhos produzidos noutro lado, fruto da situação geográfica" e deriva ainda do facto de as castas cultivadas em Portugal ainda não terem sido "diluídas por castas importadas".

Na sua perspetiva, "o futuro dos vinhos portugueses passa pelo cultivo de castas nacionais muito selecionadas, bem estudadas", fazendo a sua ligação com os territórios.

 

 

Fonte: Lusa / MCS