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Álcool: Idade legal para cerveja e vinho deve ser diferente da das 'bebidas brancas' - Pires de Lima
O presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Cervejas (APCV) defendeu hoje que a idade legal para o consumo de vinho e cerveja deve ser diferente da das bebidas espirituosas e manter-se nos 16 anos.

António Pires de Lima mostrou-se preocupado com as medidas "proibicionistas" que o Governo quer adotar, sublinhando que "não se deve misturar a cerveja e o vinho" na legislação que se pretende aplicar às bebidas de álcool destilado, e defendeu a manutenção da atual idade legal para os primeiros dois casos, até porque essa é uma prática que já existe.

"Os jovens também se educam aprendendo a beber em casa. A partir dos 16, 17, 18 anos foi seguramente a idade em que nós próprios e, se calhar, os próprios ministros se iniciaram no consumo de cerveja ou de vinho", exemplificou.

"Se não o fizeram antes dos 18 anos, serão seguramente casos estranhos. Preocupa-me termos ministros que não experimentaram o que é beber uma cerveja antes dos 18 anos", acrescentou.

O Governo está a analisar medidas para diminuir o consumo de álcool que incluem o aumento da idade legal de 16 para 18 anos, a proibição de venda de bebidas em gasolineiras entre as 00:00 e as 07:00 e a diminuição da taxa de alcoolemia máxima de 0,5 para 0,2 gramas por litro para os condutores encartados há menos de dois anos.

Mas, no entender de Pires de Lima, estas iniciativas passam ao lado do problema do abuso de álcool: "Com exceção desta última medida, o Governo arrisca-se a passar ao lado do essencial neste tema do abuso de álcool porque todas as experiências semelhantes que têm existido no Norte da Europa não têm tido qualquer tipo de resultados".

O  presidente da APCV considera que o Governo "deve olhar para a tipologia de consumo de álcool" entre os jovens portugueses e fazer a distinção, a nível de idade legal, entre o consumo de bebidas alcoólicas fermentadas, como a cerveja e o vinho, "que têm um baixo conteúdo alcoólico e fazem parte, se bebidas moderadamente, da dieta mediterrânica saudável", das bebidas espirituosas cujo conteúdo alcoólico é 4 a 10 vezes superior à cerveja.

Pires de Lima frisou que esta distinção tem sido adotada noutros países europeus "que toleram o consumo da cerveja e do vinho a partir dos 16 anos" e salientou que o que falha é sobretudo a aplicação da lei.


"Não se deve pôr o foco no que é secundário quando o que falha é a aplicação da lei. Devia-se apostar muito mais na educação dos jovens em casa e através de meios públicos, porque é isso que permite modificar comportamentos", declarou à Lusa.

 


Fonte: Lusa / RCR