Apresentada na semana passada na Faculdade de Economia da Universidade do
Porto, a tese de doutoramento de Paulo Matos Graça Ramos - docente da Faculdade
de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa - defende que a
competitividade do setor nacional dos vinhos depende do investimento num maior
conhecimento do mercado e dos gostos dos consumidores.
De acordo com
as conclusões do trabalho, esta "ineficiência" na orientação para o mercado
deixa o mercado nacional de vinhos muito mais "permeável às investidas"
comerciais vindas do exterior, sendo disso exemplo o recente 'boom' de consumo
do vinho italiano Lambrusco no mercado português.
"Embora os
produtores até reconheçam que [conhecer o mercado] é uma coisa importante, a
maioria são empresas de média e pequena dimensão, que não conseguem ou não têm
vocação para o fazer, porque acham que aquilo que os seus intermediários lhes
transmitem é que é correto", explicou Paulo Matos Graça Ramos, em entrevista à
agência Lusa.
Contudo, disse, analisada também a perspetiva dos
intermediários, concluiu-se que "eles têm a mesma falha": "Mesmo estando, às
vezes, mais perto dos consumidores, sobretudo o médio e o pequeno distribuidor
tomam a parte pelo todo e, se há um cliente que lhe dá uma determinada
indicação, aquilo passa a ser uma verdade a toda a prova", explicou.
Segundo o investigador, "os intermediários e os produtores têm uma visão muito
semelhante entre si sobre o que acham que o consumidor prefere, mas os
consumidores estão muito mais distantes [dessa visão] e não dão tanta
preferência ao que eles acham, o que mostra que produtores e intermediários
estão um pouco iludidos".
"O que acontece depois - continuou - é que
ficamos mais vulneráveis e, de repente, o vinho que mais cresce em 2011 em
Portugal não é nacional, é estrangeiro, o que era algo relativamente raro em
Portugal no setor dos vinhos".
Afirmando não estarem em causa grandes
investimentos financeiros, Paulo Matos Graça Ramos diz serem necessárias,
contudo, "um conjunto de atividades que não são norma na prática de gestão do
setor".
"Falta a consciencialização de que isto pode levar a
consequências negativas e [impõe-se] a implementação de uma prática de gestão
mais rigorosa e de mais estudos sobre o consumidor português de vinhos",
sustentou.
Segundo o investigador, a concentração no setor, com
criação de empresas maiores, tem permitido alguma evolução na sensibilidade dos
produtores, "mas, mesmo assim, a maior parte deles não faz algo tão simples como
testar o produto antes de o lançar, como acontece em qualquer outro setor de
atividade industrial ou tecnológico".
"Isto é muito complicado
porque, quando o produtor faz um vinho, o engarrafa e faz o rótulo, ou o vende
ou não o consegue vender. Mas ainda há muita gente que encara isto quase como um
'hobby'", disse.
De acordo com Graça Ramos, esta é uma situação que
afeta muito mais países como Portugal, Itália e França, onde o setor tem uma
grande tradição e base agrícola, do que os produtores australianos ou os
californianos, "que encaram isto como uma atividade industrial, com menos
complexos e menos peso da tradição".
Fonte: Lusa / PD.
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