A investigação, que parte da descoberta de uma escritura de compra datada de 1142, vai ser divulgada na revista "Douro - Estudos & Documentos", da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e será ainda objeto de uma publicação autónoma, em livro.
Natural de Peso da Régua, Altino Moreira Cardoso tem-se dedicado à história do Douro e da fundação de Portugal.
Foi na Torre do Tombo que o investigador encontrou um documento das escrituras do Mosteiro de São João de Tarouca, entre a quais a da compra de uma herdade na foz do Varosa, outorgada pela Ordem de Cister. Esta será a primeira escritura relacionada com o setor da vinha na região.
A propriedade, localizada junto do rio Douro, no concelho de Lamego, pertence atualmente à família de João Azeredo.
Altino Moreira Cardoso defende que foi na Quinta dos Varais que os monges plantaram "os primeiros vinhedos do Douro", com "castas trazidas da Borgonha", de onde era proveniente a Ordem de Cister, bem como o seu mentor São Bernardo e o conde D. Henrique.
"Trata-se, portanto, da primeira quinta a produzir o medievalmente chamado vinho cheirante de Lamego, depois denominado do Porto, por daí ser exportado", avançou à agência Lusa.
O responsável associa, por isso, o início da produção de vinho pelos monges de Cister neste território à época do início da nacionalidade, com o Rei D. Afonso Henriques.
Os vestígios da produção de vinho no Douro remontam à época da ocupação romana deste território, de que é exemplo a Fonte do Milho, em Canelas, que está a ser alvo de uma intervenção por parte da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
No entanto, com a invasão muçulmana, a produção de vinho e as vinhas foram, segundo o investigador, praticamente abandonados, porque o Alcorão proibia a ingestão de bebidas alcoólicas.
Com a chegada da Ordem de Cister, os monges apressaram-se a plantar vinhas para produzirem o vinho de missa, o qual, de acordo com o investigador, "tinha uma técnica especial de fabrico" que considera ser parecida "com a técnica de produção de vinho do Porto".
Depois, com o aumento em massa da produção a Ordem de Cister terá começado a vender o vinho.
A descoberta desta escritura foi uma surpresa, mas enche de orgulho os proprietários da Quinta dos Varais. A propriedade está na família de João Azeredo pelo menos desde 1700, no entanto, muitos dos documentos históricos foram destruídos num incêndio, ocorrido em 1940.
É motivo de orgulho, mas é também um acréscimo de responsabilidade, já que este estudo vem chamar a atenção para a propriedade.
Com produção de vinho do Porto e DOC Douro, a Casa dos Varais está atualmente de portas abertas ao turismo rural e ao enoturismo.
Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Coimbra, Altino Moreira Cardoso já publicou diversas obras como "D. Afonso Henriques - Os mistérios e a lógica", "Afonso Henriques no Douro nascido e criado", ou Grande Cancioneiro do Alto Douro.
Fonte: Lusa / PLI.
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