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Rússia na OMC «fortalece comércio multilateral»
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, entende que a adesão da Rússia a este organismo, que foi oficializada dia 22 de agosto, servirá para fortalecer o sistema de comércio multilateral.

Numa declaração, Pascal Lamy congratulou-se com a adesão da Rússia, que se tornou assim no 156.º membro da OMC, depois de quase duas décadas de negociações.

O diretor-geral da OMC lembrou, segundo a Lusa, o «longo caminho» das negociações, que resultaram num acordo assinado em novembro de 2011, mas considerou que esta adesão vai «sem qualquer dúvida reforçar o sistema de comércio multilateral».

Em média, a Rússia vai aplicar uma taxa aduaneira de 7,8% sobre os produtos e assumiu compromissos específicos em 11 setores económicos.

Por seu lado, o comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht, considerou que a adesão da Rússia à OMC «vai facilitar os investimentos e o comércio, permitir acelerar a modernização da economia russa e oferecer inúmeras oportunidades comerciais para as empresas russas e europeias».

Esta adesão vai garantir a «estabilidade do comércio externo, a redução das barreiras aduaneiras e administrativas e a possibilidade de participar na elaboração das regras de cooperação internacional», considerou o principal negociador encarregado da adesão da Rússia à OMC, Maxime Medvedkov, em declarações ao jornal oficial Rossïskaya Gazeta.

Os riscos, acrescentou, são «a queda nas taxas de importação, a limitação das formas de apoio do Estado a certos setores e, em consequência, o aumento da competitividade dos produtos estrangeiros».

A adesão da Rússia à OMC, após quase duas décadas de difíceis negociações, registou uma forte oposição no país, sobretudo do Partido Comunista, que recorreu sem êxito da decisão junto do Tribunal Constitucional por considerá-la lesiva para os interesses russos.

O longo caminho da adesão iniciou-se em 17 de junho de 1995, durante o consulado de Boris Ieltsin, quando foi celebrada em Genebra a primeira das 31 reuniões do Grupo de Trabalho necessárias para confirmar a adesão do maior país do mundo à organização.

Após as complexas negociações com os Estados Unidos e a União Europeia, o último obstáculo que Moscovo teve de superar foi a oposição da Geórgia, a antiga república soviética do Cáucaso que se envolveu numa guerra de cinco dias com a Rússia em agosto de 2008 e tinha declarado a intenção de bloquear o ingresso do seu vizinho na OMC.

O impasse foi ultrapassado em novembro de 2011, após Moscovo e Tbilissi assinarem um acordo para o controlo da circulação de mercadorias para as regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia, que a Rússia reconhece como Estados independentes.

A Rússia é o país com maiores reservas de gás natural do mundo, com as segundas reservas mundiais de carvão e as oitavas de petróleo, matérias-primas que a par da metalurgia, madeira e equipamentos de defesa constituem 80 por cento das exportações.

Em 2011, a Rússia afirmou-se como o novo exportador mundial de mercadorias e serviços, e que atingiram os 576 mil milhões de dólares (466 mil milhões de euros).

 

Fonte: Agência Financeira