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Douro: Uns já cortam brancas e outros aguardam pela maturação das uvas
No Douro, todas as atenções estão agora centradas nas vinhas e, enquanto umas quintas cortam já as uvas brancas, outros viticultores procedem aos últimos preparativos, com controlos de maturação regulares, para decidirem quando dar o arranque às vindimas.

Entre setembro e outubro, os socalcos durienses enchem-se de cores, de gente, de vozes e de cânticos de alegria. Aqui e ali já se ouve o som das tesouras a cortar os cachos e o barulho dos tratores, mas a maioria das quintas ainda aguarda pela maturação das uvas para dar início à maior festa da Região Demarcada do Douro.

As vindimas estão, este ano, com um atraso de cerca de 10 a 15 dias devido ao inverno seco e a um verão pouco quente.

A enóloga Cláudia Quevedo está a fazer controlos de maturação duas vezes por semana, para ir acompanhando a evolução das uvas. A data exata para o início da vindima só será definida em função dos controlos que for fazendo.

A enóloga utiliza um refratómetro portátil e vai cortando bagos de uva em diferentes castas e pontos das vinhas. O líquido do bago é colocado no aparelho, fechada a tampa, e, de imediato, é dado o grau da uva.

"Não é um método cem por cento preciso, mas ajuda bastante no meio da vinha para vermos a maturação da uva", afirmou à agência Lusa.

Nesta análise, Cláudia Quevedo constatou que as uvas estão com cerca de 10 graus nesta vinha, localizada junto à adega, próxima de São João da Pesqueira.

"Para a época e a esta altitude é normal aqui. Mas tenho andado a controlar as vinhas à beira do rio e essas, apesar de estarem com um grau mais elevado, são valores não normais para a época. Em consequência, vamos ter uma vindima tardia", frisou.

Na quinta dos Quevedo ultimam-se os preparativos, com instalação de novas cubas e pinturas na adega, enquanto nas vinhas os trabalhadores limpam as ervas maiores e cortam as pontas e as folhas das videiras.

"É para que o vigor vegetativo não vá para as extremidades e se concentre nos cachos", acrescentou Cláudia Quevedo.

Mais abaixo, na Quinta do Vallado, junto ao Peso da Régua, já se cortaram as uvas brancas, mas o responsável, Francisco Ferreira, ainda não decidiu quando vai avançar com o grosso da vindima, as uvas tintas.

"O que eu vejo é que, de uma maneira geral, há um atraso de cerca de duas semanas em relação ao ano passado", salientou.

Francisco Ferreira não gosta de avançar com previsões de qualidade, mas adianta que o Vallado vai ter menos uvas. "Nos brancos está a haver uma quebra grande e nos tintos, principalmente na Touriga nacional, também vai haver uma quebra grande", referiu.

Quanto à qualidade, tudo está dependente das condições climatéricas que se verificarem até ao corte das uvas.

Já o produtor Óscar Quevedo espera produzir mais vinho em 2012, na ordem "dos cinco a 10 por cento" comparativamente com o ano passado.

O Douro poderá registar um aumento geral da produção nesta vindima, mas com valores muito abaixo das primeiras previsões anunciadas.

 

Fonte: Lusa / PLI.