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Vinho português têm de se afirmar pela qualidade e originalidade no mercado internacional
O produtor de vinhos Julian Reynolds defendeu hoje, em declarações à agência Lusa, que os vinhos portugueses têm de se afirmar pela sua qualidade e que os criadores devem potenciar o que o país tem de bom e original no mercado internacional.

Natural de Badajoz, Espanha, Julian Reynolds está em Macau a promover os seus vinhos, depois de ter parado em Hong Kong e em Pequim e de ter recolhido uma medalha de bronze no "Cathay Pacific Hong Kong International Wine & Spirits Competition" com o Reserva 2005 do "Julian Reynolds".

"Em Portugal temos castas originais e os vinhos terão de ser produzidos e refinados de forma a ter uma aceitação no mercado internacional", disse aquele produtor, que há 14 anos comprou uma quinta perto de Portalegre onde retomou a "paixão familiar" da produção de vinhos.

Apesar da sua condição de natural de Espanha, Julian Reynolds considera-se um português, sempre definiu como objetivo viver em Portugal para produzir vinhos de qualidade e defende que deviam existir mais herdades de pequena dimensão onde a qualidade seja uma prioridade.

"Nós, por exemplo, poderíamos produzir cerca de meio milhão de garrafas todos os anos, mas não vamos além das 180.000 garrafas porque potenciamos a qualidade dos nossos vinhos que, maioritariamente, exportamos", explicou.

A paixão pelo país, e pelo Alentejo, começou muito cedo, depois do lado britânico da família se ter instalado em Portugal em 1820 para produzir, a norte, o "desert wine", ou vinho do Porto.

Pioneira da introdução da rolha de cortiça, a família Reynolds muda-se para o Alentejo em 1850 e ali se manteve entre o vinho e as rolhas até 1974, quando as nacionalizações levaram a herdade que possuíam. Esperaram até 1982 quando o Governo lhes devolveu a terra, mas venderam o espaço por estar degradado e só no final dos anos de 1990 é que Julian regressa ao país para continuar a sua paixão.

"Temos um clima excelente, solos de muita qualidade e uma oportunidade de fazermos boas colheitas, mas temos de ser persistentes na melhoria do nosso produto, apostar na promoção, no conhecimento do mercado e garantir que o mercado conhece e reconhece o produto português como tendo qualidade", explicou.

Julian Reynolds lembrou também que há cada vez mais pequenos produtores a fazerem vinhos de qualidade e a colocá-los um pouco por todo o mundo e acredita que se a promoção primar pelos melhores vinhos "Portugal vai ocupar o lugar que merece e será reconhecido internacionalmente".

"Mas é preciso trabalhar, manter a qualidade do produto e nunca pensar em produzir mais apenas para vender mais porque, nesse caso, a qualidade das uvas não será a mesma e quando se baixa a qualidade para vender mais estamos a prejudicar a nossa imagem e a imagem dos vinhos portugueses", concluiu.

 

Fonte: Lusa / JCS // SO