Início\ Informação \ Notícias
Covilhã vai exportar vinho especial
O ‘vinho’ chama-se Mulled Wine e, para já, falamos apenas de 3.000 garrafas. Mas é um começo que pode dar lugar a exportações de muito maiores dimensões. Um negócio a explorar?

Augusto Pires diz que sim, sem dúvida. Augusto é director de uma empresa de importação de vinhos com sede no Reino Unido (chamada Lusowest) e foi ele que serviu de interface com o cliente final, o Royal Automobile Club, um clube inglês de grande dimensão (16.000 sócios), muito exclusivo, e cujo leque de actividades vai muito para além dos automóveis. As 3.000 garrafas serão depois vendidas, em exclusivo, aos sócios do clube mas a perspectiva é a de subir em anos futuros.

O RAC possui três restaurantes e tem o seu próprio Master Sommelier e o seu próprio Master Cellar, de nome André Martins, um português há largos anos no Reino Unido. Foi André Martins quem se deslocou a Portugal para, em conjunto com o enólogo da Adega Cooperativa da Covilhã, Carlos Neves, fazer o lote final desta bebida. A receita foi preparada pelo próprio André e foi despois escrutinada, no Reino Unido, por um júri, em prova cega, onde estavam vários Master of Wine. Entre as bebidas à prova - cinco Mulled Wines - o da Adega da Covilhã ganhou por larga margem.

A receita é feita com um vinho tinto base desta adega cooperativa, ao qual se juntam vários ingredientes: açúcar amarelo, estrela de anis, cravinho, casca de limão, sumo (e gomos) de laranja, Vinho do Porto e um gin especial chamado Sloe. As doses certas, são, como é evidente, segredo. A mistura vai ao ponto de ebulição, e depois de arrefecer é filtrada e estagiada em garrafa durante 8 a 9 meses. Isto pode parecer uma sangria, digamos, mais sofisticada, e de facto existem semelhanças mas o Mulled Wine, como os britânicos chamam a este preparado, é consumido quente ou morno e o grau alcoólico é de 12% (as sangrias costumam ter bem menos). O facto é que esta bebida é muito popular nos países do norte da Europa, especialmente no Inverno, onde, diz Augusto Pires, chega a substituir o chá. Mas o mais normal é ser tomada como aperitivo ou como digestivo.

Augusto Pires lamenta que poucos produtores se tenham interessado por este projecto e que apenas a Adega Cooperativa da Covilhã o tenha abraçado. Porque, considera ele, há um enorme mercado para o Mulled Wine em todo o norte da Europa. Num futuro próximo, André Martins voltará a Portugal para fazer outro lote, agora de 8.000 litros, que entrará no circuito comercial.



Fonte: Revista de Vinhos