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Aguardente para Porto: mudanças na lei
Em Junho passado a lei passou a autorizar o uso de aguardente de origem vitícola (com origem na destilação dos produtos da uva) na beneficiação de mostos para fazer Vinho do Porto. Anteriormente, a aguardente tinha que ter origem vínica (ou seja, feita exclusivamente com base na destilação de vinho). A decisão trouxe algum alívio ao sector mas há perigos à espreita…

Esta decisão terá a ver, muito provavelmente, com o facto de que, desde 2009, a aguardente ter aumentado de preço de 0,90€ para 3,50€ o litro, como consequência do fim de alguns benefícios e do aumento da procura de vinho a granel (para destilar), provocado em parte pela crise dos cereais e suas consequências a Oriente.

Considerando que a aguardente forma um quinto do Vinho do Porto, e um tal aumento de custos punha em causa a sobrevivência de muitos operadores do sector. Paul Symington, líder de uma das maiores empresas exportadoras (marcas Graham's, Dow's, Warre, etc.), declarou que em 2013 ainda não haverá aguardente não vínica nos vinhos do seu grupo, até porque não foi ainda produzida.

A sua posição é de "esperar para ver," embora o alívio dos preços seja certamente bem-vindo. Symington salientou no entanto que as melhores notícias vêm da inversão dos preços médios de venda do Vinho do Porto, que voltaram a crescer graças à eliminação dos stocks em excesso conseguidas colectivamente pelo sector ao longo dos últimos anos.

Além disso, a recepção dos Vintages 2011 foi a melhor desde os 1994. Tudo junto, acabou a sensação de poder dos grandes compradores internacionais sobre os produtores, e há um novo interesse e respeito pelo Vinho do Porto, como um produto de grande valor e insubstituível. Paul Symington salientou ainda a manutenção na lei de todos os requisitos analíticos e organolépticos da aguardente, seja qual for a sua origem.

Este trabalho está a cargo do IVDP, mas David Guimaraens, responsável pela produção de marcas de referência como Taylor's e Fonseca, declarou que ainda recentemente provou uma péssima aguardente, que tinha sido aprovada e certificada pelo IVDP. Guimaraens afirma que esta nova legislação vai separar o Vinho do Porto "commodity" das categorias especiais, e que todas as boas casas vão continuar a usar a melhor aguardente vínica possível para as categorias especiais.

Segundo Guimaraens, a responsabilidade do IVDP é neste momento muito maior na aprovação das aguardentes, tanto que defende que a câmara de provadores deveria ser constituída por uma equipa interprofissional, não apenas por membros do IVDP.

 

Fonte: Revista de Vinhos