Início\ Informação \ Notícias
Vinhos Verdes torcem pelo bom tempo
As chuvas dos últimos dias vieram baralhar as contas de muita gente, quando ainda decorre a vindima.

Com a previsão do regresso dos dias de sol, a partir de quinta-feira, e a sua manutenção durante a próxima semana, estes aguaceiros acabam por funcionar como um interregno a meio da campanha - sobretudo na região dos Vinhos Verdes, aquela onde se realizam as safras mais tardias. A chuva nunca é boa notícia, nesta altura, pois pode provocar a podridão das uvas, que já se encontram num adiantado estado de maturação. Mas também pode ter outros efeitos, como a acentuada redução do teor alcoólico dos mostos. A extensão e heterogeneidade da região mais setentrional do país acaba por favorecer a diversidade de situações no que se refere às consequências da meteorologia nos resultados da campanha. Mas todos aguardam pelo bom tempo para terminar a campanha em beleza, como confessaram à Revista de Vinhos dois dos principais enólogos a trabalhar no território dos Vinhos Verdes.

"Estas chuvas não nos complicaram a vida, porque parte considerável da região conseguiu antecipar a vindima e a outra parte, que aguarda o regresso do bom tempo, tem vinhas que apresentam uma saúde muito boa, sem focos de infecções ou de podridão", diz Jorge Sousa Pinto, um dos mais importantes técnicos a trabalhar na região - 80% das "dezenas" de consultadorias de enologia da equipa por si liderada são lá desenvolvidas. A razão para o adiantado estado da campanha tem que ver, explica Jorge, com o uso gradual de "clones de castas mais precoces". "Acho que fizemos bem em vindimar um pouco mais cedo, pois estávamos com boas maturações", diz o enólogo, quando ainda tem por realizar um terço da colheita - que este ano deverá corresponder a um aumento da produtividade de cerca de 20%. "Temos boas notícias a partir de quinta-feira, e para a próxima semana, com o regresso dos dias de sol", diz.

Já Anselmo Mendes, outro nome incontornável da região, lamenta alguns estragos causados pela precipitação. Sobretudo nas sub-regiões do Vale do Sousa, Vale do Ave e Vale do Cávado, bem como em redor de Amarante. "As chuvas vieram tarde de mais e, pela quantidade que caiu no Minho, terão implicações na qualidade. A seguir a isto vem o bom tempo, mas nunca haverá uma recuperação substancial. Vamos ter alguns casos de podridão e noto já alguma diminuição do grau", queixa-se Anselmo, técnico com nome feito sobretudo na região dos Vinhos Verdes, mas com trabalho desenvolvido em diversas áreas do território vitivinícola nacional - contando com as suas próprias vinhas, tem de acudir a uma dezena de vindimas distintas. O enólogo fala, porém, de cenários mais optimistas nas sub-regiões do Vale do Lima e do Douro.

 

 

Fonte: Revista de Vinhos