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Esporão investe no Douro para “abrir portas” nos mercados anglo-saxónicos
Notoriedade do vinho do Porto convenceu o grupo alentejano a comprar a Quinta das Murças, que duplicará a oferta no próximo ano.

O Esporão está a investir na produção de vinhos no Douro para "melhorar a oferta" do grupo, e sobretudo à boleia do vinho do Porto, "ajudar a abrir portas" em mercados "estratégicos" para uma das maiores empresas portuguesas do sector.

"Internacionalmente, e em particular nos Estados Unidos e mercados anglo-saxónicos o Douro é a única região portuguesa conhecida. E, portanto, em alguns mercados ajuda a abrir portas a todo o portefólio do Alentejo", disse ao Negócios o administrador, João Roquette.

Há apenas dois anos no mercado, estes vinhos da mais antiga região demarcada do mundo já contribuíram para valorizar as empresas de distribuição própria que tem em Portugal, Angola, Estados Unidos e Brasil, assim como assegurar novos distribuidores em Inglaterra e na costa Oeste norte-americana.

A Quinta dos Murças foi comprada em outubro de 2008 aos bisnetos do industrial portuense Manuel Pinto de Azevedo. O valor é um segredo bloqueado pelo acordo entre as partes, mas Roquette avançou que, do investimento total no projeto, um terço foi posterior à aquisição: para replantar um terço da área de vinha (20 hectares), recuperar os lagares e a casa de barricas e construir de raiz uma adega com capacidade para 800 mil litros.

Apesar de a propriedade duriense, localizada na margem direita do rio, ter um historial de produção que remonta no século XVIII, as uvas sempre foram vendidas para casas do vinho do Porto e, nos anos em que foram feitos, esses vinhos quase não eram distribuídos.

Tirando "partido [da experiência] de 40 anos a produzir uvas, a fazer vinhos e a construir marcas", o grupo de origem alentejana tem "agora numa região diferente e com potencial enorme" uma produção anula de 300 mil garrafas. Perto de dois terços são vendidas em 25 países estrangeiros. E em 2014vai mais do que duplicar o portefólio. Somará um "Vintage" 2011ao "Porto Tawn 10 anos"; um "superpremium" de vinhos com 70 anos (colheita de 2012) ao "Quinta dos Murças Reserva", e um branco e rosé à marca "Assobio" que só tem variante tinto.

 

Monte Velho faz 40%das vendas

Esta é a única propriedade do grupo fora do Alentejo e, pelo menos no curto prazo, a estratégia, "não passa forçosamente" por produzir noutras regiões. À imagem do que sucedeu com a aguardente "Magistra", feita na Lourinhã - uma das três regiões demarcadas de aguardentes do mundo, embora menos conhecida do que Cognac e Armagnac -mas em parceria com a Quinta do Rol, de Carlos Melo Ribeiro.

Após faturar 39,5 milhões de euros em 2012, o Esporão conta fechar este ano com um crescimento à volta de 3% ainda que o terceiro trimestre "não tenha sido tão bom" quanto o primeiro semestre. O grupo dá trabalho a 265 pessoas (oito delas no Douro) e tem como marca mais importante o "Monte Velho", que ainda vale 40% do negócio.

 

Fonte: Jornal de Negócios / António Larguesa