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Douro aposta em tecnologia de precisão para gestão da vinha
O Douro recorre cada vez mais a tecnologia de precisão para gestão das vinhas, como aeronaves que recolhem imagens que detetam zonas com vigor diferente, indicativo de doenças ou falta de água, permitindo uma intervenção mais eficiente

"Noventa por cento do trabalho e do resultado do vinho está na vinha. Com uma área de 67 hectares é importante termos o nosso trabalho o mais otimizado possível", afirmou à agência Lusa a enóloga Gabriela Canossa, da Quinta Maria Izabel.

O Douro dos socalcos e encostas íngremes possui micro climas, uma grande variedade de solos e de castas. "Até mesmo dentro da mesma casta temos imensas variantes no terreno", acrescentou.

Por isso, esta propriedade recorre à fotografia aérea que "permite ver cepa a cepa".

Este trabalho de recolha de imagens é feito por empresas especializadas que utilizam aeronaves tripuladas ou não tripuladas, os chamados drones.

"Esta tecnologia permite-nos aumentar a eficiência no trabalho de gestão das vinhas, permitindo-nos trabalhar vastas áreas de vinha com uma precisão quase à planta", afirmou António Graça, da Sogrape Vinhos.

O responsável acrescentou que, com estas imagens que são depois tratadas através de computação avançada, é possível detetar zonas "com vigor diferente, o que pode indiciar deficiências de nutrição, seja incidência de doenças ou problemas a nível do abastecimento hídrico" da videira.

"Em vez de termos que calcorrear dezenas de hectares para fazer essa verificação é possível, em poucas horas, detetar essas áreas e imediatamente dar início às operações de correção", salientou.

Com a informação setorizada, Gabriela Canossa diz que é possível colocar um "chip ligado ao GPS do trator, que fica ligado ao satélite, que permite que o doseamento dos tratamentos fitossanitários e de adubação seja feito consoante as necessidades das plantas".

"Permite-nos otimizar as aplicações e baixar custos", frisou.

Este ano, a enóloga fez também "micro vinificações". "Nós conseguimos hoje dizer aos nossos trabalhadores que é para vindimar, para um determinado vinho 'premium', até, por exemplo, à 25.ª planta daquele bardo e a partir dali vai para a nossa segunda marca", sustentou.

António Graça referiu que esta tecnologia "não é barata" mas salientou que, cada vez mais, começam a aparecer fornecedores e soluções mais acessíveis.

Uma das empresas que está a apostar nesta área é a UAVision, que desenvolveu um drone, um pequeno quadricopetero, que faz a recolha de vídeos e fotografias, com imagem visível ou térmica, com imagem noturna ou infravermelho, a que é mais importante para a agricultura.

Estas imagens permitem identificar variações no desenvolvimento vegetativo das culturas, fazer estimativas de produção ou identificar as áreas mais suscetíveis de virem a sofrer de pragas e doenças.

João Noéme, um dos responsáveis da empresa, referiu que os drones podem fazer a "fotografia área à medida do que o agricultor quiser".

"Posso voar a baixa altitude e ter uma precisão maior, com uma área de fotografia menor, ou voar mais alto em que, para o mesmo tempo de voo e custo, consigo uma área muito maior com precisões mais baixas", salientou.

A UAVision desenvolveu a tecnologia e a partir de janeiro irá fazer a prestação deste serviço aos agricultores, que poderá custar cerca de 1000 euros por dia de voo, e que incluiu depois o trabalho de processamento.

 

Fonte: Notícias ao Minuto