Seis garrafas de Romanée-Conti Burgundy de 1990 foram vendidas a um comprador asiático num leilão da Christie's em Hong Kong, em março, por US$ 126,3 mil.
Uma caixa de vinho da vinícola Cros Parantoux em Burgundy, na França, alcançou o valor de US$ 82,3 mil em uma venda da casa de leilões americana Acker Merral & Condit, em um restaurante com vista para o porto de Hong Kong.
Bons vinhos têm seu preço na Ásia, mas há compradores de sobra para estes produtos. Os consumidores asiáticos se tornaram importantes no mercado global de vinhos, após a China ter superado a França e a Itália, no ano passado, como maior consumidora de vinho tinto.
Agora, os consumidores da região estão ficando mais sofisticados, estudados e diversificados em suas escolhas dos produtos.
"Existem muitos amantes do vinho na Ásia, e eles estão desfrutando de muito mais vinhos", declarou Simon Tam, chefe de vinhos da Christie's China, referindo-se à recente venda da casa de leilão. "O mercado está amadurecendo de forma muito rápida".
Crescimento impulsionou mudanças de hábito
Os asiáticos são tradicionalmente bons bebedores de uísque, conhaque e destilados locais, e não do vinho. Mas o aumento da riqueza na região, uma propensão a dar presentes e constante busca por novos tipos de investimento transformaram os asiáticos ricos em ávidos compradores da bebida e outros itens de luxo nos últimos anos.
Hong Kong, que mal aparecia na cena internacional do vinho há uma década, tornou-se um grande centro de comercialização da bebida - já que os impostos sobre ela foram abolidos na região em 2008.
Logo, dezenas de comerciantes abriram operações na região, incluindo marcas famosas, como a empresa britânica Berry Brothers & Rudd, que foi criada em 1698, e estabelecimentos especializados, como La Cabane, que vende vinhos naturais de pequenas vinícolas na França.
Mesmo em Singapura, onde os impostos aumentam consideravelmente o preço de uma garrafa de vinho, a CWT, uma empresa de logística, está gastando US$ 158 milhões em uma moderna instalação que conseguirá armazenar 10 milhões de garrafas em um ambiente com ar condicionado, controle de umidade e de luz.
"Para os compradores asiáticos, trata-se de prestígio", explicou Robert Sleigh, chefe do departamento de vinhos da Sotheby's na Ásia. "Eles estão dispostos a pagar valores substanciais por vinhos que vêm diretamente da vinícola, e dão grande importância para a aparência da garrafa".
Preços mais razoáveis substituem euforia
A desaceleração de algumas economias asiáticas e a determinação de Pequim em conter os gastos de autoridades do governo ajudaram a tornar o mercado mais equilibrado.
O preço médio dos lotes nas vendas da Christie's em Hong Kong fica entre cerca de US$ 3,86 mil a US$ 7,73 mil, afirmou Tam. O preço médio das garrafas vendidas pela Acker Merrall caiu pela metade entre 2011 e 2013.
Nos primeiros anos da bonança, os compradores (ainda inseguros) focavam em apenas algumas dezenas de nomes conhecidos. Os vinhos franceses de Bordeaux eram os favoritos, e dominavam as vendas.
Hoje, os compradores se aventuram e compram mais tipos de vinhos, e de mais locais, do que há alguns anos. Essa tendência ecoa o que vem acontecendo em outras categorias de gastos de luxo, como bolsas ou roupas, onde a lealdade inicial a grandes marcas começou a desaparecer conforme os compradores ganharam confiança e individualidade.
"Temos um cliente que costumava comprar uma garrafa de Bordeaux conosco toda semana", afirmou Vincent Feron, sommelier que trabalha na Winebeast, pequena loja inaugurada no ano passado no bairro de Wan Chai, em Hong Kong, e que vende principalmente vinhos franceses e espanhóis.
"Agora ele começou a explorar outros vinhos, e gostou muito dos de Languedoc", disse Feron, referindo-se a uma região no sul da França. "As pessoas gostam de aprender. Assim que passa a confiar em você, o cliente está preparado para seguir seus conselhos".
Empreendimentos ampliam estoques
Varejistas e restaurantes reagiram à rápida evolução dos consumidores, ampliando suas seleções de vinhos e contratando funcionários treinados no assunto.
Os quatro luxuosos restaurantes do hotel InterContinental, em Hong Kong, empregam dois sommeliers em cada estabelecimento. Os estabelecimentos têm estoque é de 1.700 rótulos, que custam no mínimo US$ 75 a garrafa e que chegam a milhares de dólares na outra ponta, explicou Christoph Travniczek, gerente de alimentação e bebidas do hotel.
Os hóspedes pedem ainda, ocasionalmente, vinhos de milhares de dólares a garrafa. Mas "já não escolhem simplesmente o mais caro da lista", disse Travniczek. "Eles compram o que gostam, e ouvem as recomendações dos sommeliers".
China lidera movimento
A China, com quase 1,4 bilhão de habitantes, continua comandando o consumo global - especialmente de vinho tinto, que é muito mais popular no país do que o branco.
Quase 1,9 bilhão de garrafas de vinho tinto foram consumidas na China no ano passado, segundo um estudo encomendado pelos organizadores da Vinexpo, feira da indústria de vinhos e destilados organizada em Hong Kong em maio. Esse número representa mais do que duas vezes a quantidade consumida em 2008.
A China é também um dos maiores produtores mundiais de vinho, embora a qualidade geral ainda seja baixa.
Fãs de vinho em Hong Kong, na China continental e outros locais da Ásia estão cada vez mais preparados para investir tempo e esforços consideráveis para absorver não só a bebida, mas também as informações necessárias para tomar decisões de compra e consumo.
Calvin Tan iniciou-se no tema durante a febre do vinho, há dois anos, e desde então já fez dois cursos sobre o assunto - incluindo um em uma academia francesa, a L'École du Vin de France, que abriu um escritório em Hong Kong em 2011.
"Eu precisava de um hobby, e adoro beber e comer boa comida. Então, foi perfeito", explicou.
Tan, que trabalha para um banco americano em Hong Kong, não está no mercado de vinhos de luxo como os vendidos pela Sotheby's e Christie's. O vinho mais caro que ele já comprou foi um tinto italiano que custou US$ 103.
Mas sua ânsia por aprender e diversificar - seus atuais favoritos são os Riojas e os pinot noirs da Nova Zelândia - exemplifica a mudança que vem ocorrendo entre os asiáticos amantes de vinhos.
"No começo, quem se matriculava em nossos cursos conhecia muito pouco de vinho", afirmou Marjolaine Roblette-Geres, representante da L'École du Vin em Hong Kong. "Agora, muitos já sabem bastante, e querem ampliar seu conhecimento", completa. A escola já planeja oferecer aulas em Pequim e Guangzhou.
Tudo isso dá aos especialistas a confiança de que os compradores asiáticos continuarão comprando bastantes produtos, apesar da desaceleração em muitas das economias da região. "Ainda sonhamos com os picos de 2010 e 2011", disse John Kapon, presidente da Acker Merrall. "Mas 2014 teve um bom começo, e a China segue como o principal participante do mercado global".
Fonte; Economia - iG
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