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Wine With Spirit: Este vinho é feito à medida das suas emoções
Em Portugal, existem 10 milhões de enólogos e depois os pobres consumidores, que não percebem nada de vinho e têm que ser educados para conseguir degustar os néctares que saem das quintas, fincas e chateaux deste mundo.

É assim que João Pedro Montes, fundador e global chief drunk officer da Wine With Spirit, resume o que se passa, atualmente, no negócio dos vinhos, em Portugal. E é exatamente assim que João Pedro Montes não quer fazer com os seus vinhos, que saem diretamente das prateleiras dos supermercados para a adega - e não ao contrário: " Somos contra os enochatos. O vinho é algo para nos divertirmos, não deve ser uma coisa constrangedora. Às vezes escolhemos o vinho a medo. Não pode ser. Se estou a pagar não me posso sentir mal", defende o gestor.

Para começar, a Wine With Spirit eliminou do rótulo das suas garrafas aspetos técnicos, mantendo apenas os obrigatórios por lei, e, depois, desenhou, com o enólogo Pedro Sereno, vinhos fáceis, dos quais se gosta logo à primeira. "Não quero fazer um vinho excessivamente técnico, que só agrada aos enólogos e a quem é educado para gostar", explica.

Segundo afirmou João Pedro Montes, em entrevista ao Dinheiro Vivo, a Wine With Spirit, fundada em 2011, identifica, primeiro, um target de potenciais consumidores, a seguir, as emoções partilhadas por esse grupo no momento de escolher um vinho e, só depois, é concebido o vinho. "Costumo dizer que vendemos emoções engarrafadas. Procuramos o líquido perfeito para cada momento das nossas vidas", diz.

O Bastardô, top de vendas e símbolo da irreverência da Wine With Spirit, foi feito a pensar nas mulheres e homens que se atrevem a brindar aos seus bastardos, em vez de se lamentarem, e deve ser bebido logo após o golpe, para resolver o assunto imediatamente.

Já o Dine With Me Tonight existe para todos os que estão abertos a encontros e paixões e o Feijoada&Co é um vinho pensado para encontros de amigos. Meet & Meat, Bread & Cheese, Revolucionist e Voyeur são outras das marcas da empresa portuguesa, que recusa a ideia de que esta abordagem ao negócio dos vinhos se traduz em menos qualidade. "São vinhos e produtos de marketing ao mesmo tempo e isso é possível. Quem gosta de vinhos gosta do nosso vinho. Utilizamos algumas das melhores castas nacionais e temos sido reconhecidos com prémios nos grandes concursos internacionais, como o Decanter, International Wine Challenge ou Sonoma, que nos elegeu como Best Choice 2012", esclarece João Pedro Montes.

A Wine With Spirit nasceu em plena crise e, também por isso, concentra-se na exportação. Em 2013, as vendas no estrangeiro representaram entre 80% e 90% da faturação, que se fixou em cerca de 1,3 milhões de euros, ou meio milhão de garrafas. Brasil, Polónia e só depois Portugal foram os primeiros mercados da empresa nacional.

Para este ano, o objetivo é duplicar o volume de negócios, o que depende da evolução das negociações em curso para vender os vinhos Wine With Spirit nos países do Benelux - Bélgica, Holanda e Luxemburgo -, nos Estados Unidos, Angola" e Japão. "As previsões para 2014 dependerão muito dos novos mercados. É um ano importantíssimo porque, entre outras coisas, será o ano da consolidação do mercado português. Por isso mesmo, as exportações cairão para 70% a 75% do negócio total", adiantou João Pedro Montes. O return on equity está marcado para daqui a três anos.

A empresa, controlada por um grupo de investidores individuais e que admite a abertura de capital a novos acionistas para suportar a expansão, não tem a propriedade das terras. Os vinhos são produzidos em casa de outros produtores, pela qual é paga uma espécie de renda. "É como se eu alugasse a sua cozinha", exemplificou o gestor.

 

 

Fonte: Dinheiro Vivo