Início\ Informação \ Notícias
Governo reconhece ViniPortugal como organização interprofissional da fileira vitivinícola
Associação é responsável pela promoção internacional da marca 'Vinhos de Portugal' e conta com 8,4 milhões de orçamento

O Governo formalizou ontem o reconhecimento da ViniPortugal como organização interprofissional da fileira do vinho, ao abrigo da nova regulamentação comunitária. Um momento que marca a consagração da associação como "organização de cúpula" da fileira vitivinícola, diz Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal. Já o Executivo destaca o "relevante papel" desta organização na agregação do setor vitivinícola, bem como a sua missão de "afirmar a marca 'Vinhos de Portugal' internacionalmente".

Fundada em 1997, a ViniPortugal foi desde sempre uma associação interprofissional, já que agrupa estruturas associativas e organizações de profissionais ligadas ao comércio (ANCEVE e ACIBEV), à produção (FENAVI e FEVIPOR), às cooperativas (FENADEGAS), aos destiladores (AND), aos agricultores (CAP) e às regiões demarcadas (ANDOVI). Tem a seu cargo a promoção da imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos por excelência através da valorização da marca 'Wines of Portugal'. O que muda, então, com este reconhecimento oficial pelo Governo como organização interprofissional?

"Muda tanto como o trabalhador que passa de funcionário a recibo verde para quadro de uma empresa. Recebe o mesmo, trabalha para a mesma empresa, tem os mesmos patrões mas, por qualquer motivo, ficou muito satisfeito porque deixou de estar a recibo verde. No nosso caso, continuaremos a fazer o mesmo que fazíamos, mas com o reconhecimento formal de que somos a entidade responsável pela promoção dos vinhos portugueses, representativa de toda a fileira. O regulamento comunitário deixa claro que só pode haver um organização interprofissional para determinada função e para determinado território, e para o vinho, em termos nacionais, somos nós", explica Jorge Monteiro, lembrando que a ViniPortugal representa cerca de 60% do volume de produção e de comercialização de vinho, bem acima dos valores mínimos estabelecidos na lei para obter este reconhecimento.

E implica mais verbas para a promoção, questionamos. "Não necessariamente, mas facilita o diálogo e consolida a nossa utilização dessas verbas - que a ViniPortugal partilha com as comissões de viticutlura das várias regiões - mesmo perante Bruxelas", acredita Jorge Monteiro. O responsável da ViniPortugal assume-se como um "acérrimo crítico a que tudo se resuma ao dinheiro", mas garante que a instituição poderia contar com um orçamento promocional maior se assim o desejasse.

"O orçamento de promoção da ViniPortugal é de 8,4 milhões de euros. Podíamos ir para 10 ou 11 milhões, se quiséssemos. O dinheiro existe, mas estamos mais preocupados em usar bem estes 8,4 milhões do que em captar mais. Acreditamos que as empresas estão no limite das suas capacidades financeiras e, por isso, não queremos exigir-lhes um esforço financeiro adicional. Mas nós também estamos no limite da nossa estrutura e não queremos aumentá-la", frisa Jorge Monteiro.

A ViniPortugal está, ainda, a ultimar o seu plano de atividades para 2016, que terá será aprovado este mês em assembleia geral, mas o seu presidente assume, desde já, que "se a estratégia está correta, não se altera", pelo que o plano do próximo ano terá, apenas, "pequenos ajustes" face ao atual.

"Sabemos que mercados como Angola e o Brasil estão a atravessar momentos difíceis, mas, em contrapartida, os Estados Unidos estão em excelente forma, pelo que fará sentido apostar um pouco mais no mercado norte-americano e abrandar as iniciativas em Angola e no Brasil. Tal como faz sentido continuar a apostar no Reino Unido, na Alemanha e na Suécia, além de pequenas experiências, eventualmente na Suiça. E queremos lançar um plano de formação para a hotelaria na Europa", explica o presidente da ViniPortugal, sublinhando que estas são ideias que terão, ainda, de ser aprovadas.

A cerimónia de reconhecimento da ViniPortugal como organização interprofissional da fileira do vinho decorreu no Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), em Lisboa, e contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura. Para José Diogo Albuquerque, este momento marca a conclusão de "um processo em que o setor do vinho sai vencedor e fortalecido na sua representação".

 

Fonte: Dinheiro Vivo