As exportações de vinho do Porto estão em queda em volume (-3%) e valor (-1%), registando, todavia, um crescimento sensível no mercado doméstico. Portugal consolida a segunda posição no ranking, já distante do Reino Unido e Holanda e beneficiando, sobretudo, do efeito das compras de turistas. Em 2015, o vinho do Porto ajudará com com 285 milhões de euros ( a que se soma mas 45 milhões de vinhos do Douro) para a balança externa portuguesa.
À exceção da Dinamarca (+15%) e Reino Unido (+9%), os principais mercados externos estão todos eles em queda. Este registo combina com o desempenho decionante de mercados emergentes como a Rússia (-57%) ou Brasil (-14%) ou ainda da vizinha Espanha (-20%).
A boa notícia é que as categorias especiais continuam a ganhar relevância, devendo terminar o ano com um peso de quase 40% do negócio. O resultado é um ganho no preço médio de 2,3% (4,74 euros). Em França, o principal mercado do vinho do Porto, as vendas registam, em valor, uma queda de 4%.
Reforçar a promoção
Este desempenho "é insatisfatório e não agrada ao setor", reconhece António Saraiva (Rozès), esta semana reeleito presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) para um terceiro mandato. A nova direção regista a substituição de Jorge Sandeman (Sogrape) por Jorge Dias (Porto Cruz). Saraiva nota que "o mercado interno ajuda a segurar o sector" e considera que o efeito cambial da desvalorização do euro é irrelevante.
O presidente da AEVP diz que os números realçam a necessidade de uma maior promoção do vinho do Porto, "porque o esforço das empresas e os prémios internacionais não se revelam suficientes". E, no capítulo da promoção surge uma querela antiga com o governo central.
Em março de 2011, em pleno PEC IV, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) foi obrigado a transferir oito milhões de euros para os cofres do Estado, em resultado de um despacho que obrigava os institutos públicos a passar os saldos de gerência para as Finanças. Ora, as receitas do IVDP resultam das taxas que o sector e uma boa parte tem ficado cativa em vez de ser aplicada na promoção, como defendem os produtores e exportadores. A AEVP não se conforma com esta realidade e a nova direção já inscreveu este ponto na agenda para discutir com a nova tutela governamental.
Douro prospera
Já as exportações de vinho de mesa do Douro (DOC Douro), estão em forte alta, com crescimentos notáveis no Canadá (+18%) Estados Unidos (33%), Brasil (28%) e China (32%). Angola é a exceção, perdendo 11% face a 2014. Mas, a base exportadora neste segmento é baixa. Em 2015, a receita do DOC Douro será 115 milhões de euros (+10% face a 2014). Mas, 65 milhões serão ralizados no mercado interno.Os três principais mercados externos (Canadá, EUA e Angola) valem 18 milhões.
No vinho do Porto, o recorde de vendas permanece nos 428 milhões de euros, registado em 2002 (10,6 milhões de caixas de 9 litros). A exportação representou 83%. Em 2015, o negócio ficará nos 340 milhões (7,9 milhões de caixas) com a exportação a pesar 84%.
Fonte: Expresso / Rui Duarte Silva
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