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Castelão da Península de Setúbal caiu no goto de críticos americanos
Aparecer na lista dos 100 melhores vinhos vendidos nos Estados Unidos é o passaporte para o sucesso e alguns dos portugueses, de várias regiões, já lá estão.

Há três revistas norte-americanas que marcam a tendência na formação da opinião dos enófilos em relação ao vinho. São elas a Wine Enthusiast, a Wine Spectatore a Wine Advocate. Todas elas têm nos seus rankings mais actualizados vários vinhos portugueses no top 100 e todas elas têm, pelo menos, um no top 10. Isto é mesmo muito bom, porque dá uma notoriedade aos produtores portugueses que conseguem entrar nestes rankings, dificilmente alcançável de outro modo.

Dessas publicações, talvez a mais badalada por cá seja a Wine Advocate, do conhecido Robert Parker, que embora no final de 2012 tenha vendido a sua posição maioritária a um fundo de investidores de Singapura, continua, no entanto, a dar a cara pela publicação. Parker tem uma rede de provadores para as várias regiões e países do mundo, sendo Mark Squires o responsável dos vinhos portugueses (já agora diga-se que juntamente com Israel, Grécia, Roménia e Bulgária).

Muito recentemente saiu o habitual balanço anual, neste caso de 2015, com um destaque muito especial para os vinhos tintos da Península de Setúbal. Squires esteve na região onde provou 22 vinhos, todos eles contendo a casta icónica da zona, a Castelão.

A escala utilizada pela Wine Advocate é de 50 a 100 e os dois vinhos mais bem classificados da península de Setúbal, ambos com 92 pontos foram os Periquita Superyor de 2008 e 2009, ambos da José Maria da Fonseca. Na prova destacam-se, com 92 pontos, os vinhos Periquita Superyor das colheitas 2008 e 2009, da José Maria da Fonseca. Com 91 pontos, outros dois vinhos, o A.S. Cinquenta 2009 (António Saramago) e Grande Reserva Vinhas Velhas 2013 (Casa Agrícola Horácio Simões).

Com 90 pontos aparecem nas posições seguintes o Periquita 1999 (José Maria da Fonseca), Quinta da Mimosa 2013 (Casa Ermelinda Freitas), Quinta do Piloto Reserva 2013 (Quinta do Piloto) e Pegos Claros Vinhas Velhas 2012 (Herdade de Pegos Claros). Há mais 14 vinhos da Península de Setúbal classificados com notas entre os 89 e os 85 pontos.

Squires afirma, no balanço anual de Portugal, que ao longo dos anos tem vindo a gostar muito da casta Castelão, porque, na sua opinião, "envelhecem lindamente enquanto continuam a adquirir alguma maturidade, fundindo a intensidade de sabor com notas mais maduras que lhes dá uma complexidade maravilhosa".

A casta Castelão é frequentemente conhecida na região da Península de Setúbal por Periquita, nome que terá tido origem na propriedade chamada Cova da Periquita, localizada em Azeitão, onde José Maria da Fonseca a plantou por volta de 1830. O vinho Periquita, o mais antigo vinho de mesa português, confunde-se com a história da própria região da Península de Setúbal e terá levado a que os seus garfos e o seu novo nome se tenham difundido por toda a região. Atualmente a casta Castelão ocupa cerca de 75,8 % da área de vinha plantada com castas tintas na Península de Setúbal. Muito bem adaptada à região, é nos terrenos arenosos do designado Plioceno de Pegôes que ela se manifesta em toda a sua plenitude.

Nas notas de prova escrevemos sobre o mais recente lançamento da José Maria da Fonseca, não da Península de Setúbal mas sim na adega que possuem no Alentejo, mais propriamente em Reguengos de Monsaraz, a conhecida e prestigiada Adega José de Sousa. A primeira colheita saiu em 1991 e até hoje mantém a composição original, quer nos tintos, quer nos brancos.

A imagem deste vinho sem grandes complexidades e também sem complicações, feito para ser consumido jovem, surge com uma rotulagem modernizada, numa homenagem à cortiça. É claramente, até pelo preço abaixo dos 3 euros, um vinho para o dia-a-dia.

 

 

Fonte: Económico / António Mendes Nunes