O perfil do consumidor de vinho tem vindo a mudar e o gosto pelos vinhos tintos e encorpados veio a dar lugar a um número crescente de consumidores que prefere os vinhos brancos e leves. Até por uma questão de graduação alcoólica. E os vinhos Verdes têm tirado partido disso: asseguram já 60% das exportações nacionais de vinhos tranquilos.
No que ao mercado intracomunitário diz respeito, os Verdes são
claramente vencedores, com 25,4 milhões de euros exportados em 2015,
quase tanto como os vinhos do Alentejo e do Douro em conjunto. Isso
mesmo destacou o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos
Vinhos Verdes na cerimónia de entrega de prémios do concurso Melhores
Verdes 2016, que decorreu sexta-feira à noite no Porto.
Manuel Pinheiro recordou o recorde de
exportações de 2015, no valor de 54 milhões de euros para 104 países,
destacando que, só no seio da UE, as vendas de Verdes atingem já os 25
milhões. O presidente não quis deixar de aproveitar o momento para
"prestar homenagem" ao "enorme esforço de conversão" a que se assiste na
região junto de empresas tradicionais que estão, aos poucos, a
transformarem-se em empresas exportadoras. "É justo dizer que estas têm
até, às vezes, um trabalho mais difícil do que as que já nasceram
voltadas para a exportação", assegura Manuel Pinheiro.
Mas o sucesso dos Verdes não se confina aos mercados externos. Pelo contrário, Manuel Pinheiro lembra que as vendas em Portugal "têm estado a aumentar". E embora os vinhos alentejanos ainda sejam largamente preferidos pelo consumidor português, os Verdes surgem já em segundo lugar e com um preço médio superior ao alentejano: 3,93 euros o litro versus 3,81 euros. A guerra do Alvarinho foi outro dos temas abordados por Manuel Pinheiro no seu discurso, para garantir que a região "está em paz" com o acordo alcançado.
Mais, o presidente da CVRVV destaca que o acordo permitiu já alterações importantes no mercado - como o aparecimento de lotes Loureiro e Alvarinho e de vinhos lotados com um mínimo de 30% de Alvarinho - que levarão "à valorização" deste tipo de vinho. E o Alvarinho é o grande vencedor dos Best Of Vinho Verde 2016, escolhidos por um júri internacional e que serão os embaixadores da região no mundo: Em seis, quatro são Alvarinhos - Quinta das Alvaianas, Reguengo de Melgaço, Terras de Monção e Quintas das Pereirinhas - e um é um lote de Loureiro, Alvarinho e Trajadura, o Quinta de Gomariz Grande Escolha.
O único outsider nesta lista é o QG
Avesso Colheita Selecionada.
Os Best Of foram provados e votados por um júri internacional composto
por Thomas Sommer (Alemanha), Alexandra Corvo (Brasil), Tim Appelt
(Canadá), Sheryl Sauter Morano (Estados Unidos), Toyoo Tamamura (Japão),
Simon Zimmermann (Noruega), Brian Elliot (Reino Unido), Hans Sebastian
Levin (Suécia) e Ursula Geiger (Suíça), Manuel Carvalho e Edgardo
Pacheco (Portugal).
Já os 25 vinhos que se distinguiram nas
categorias de ouro e prata foram selecionados por um painel de
provadores nacionais. Portal da Calçada Reserva 2015, Conde de Vilar
2015, Tapada dos Monges Escolha 2015, Entre Margens Arinto Colheita
Selecionada 2015 e Quinta do Monte Arinto Reserva 2015, Santa Cristina
Azal 2015, Quinta de Linhares Avesso 2015, Espumante Muralhas de Monção
Branco 2012, Quinta de Gomariz Alvarinho Colheita Selecionada 2015,
Aguardente Vínica Adega de Ponte de Lima e Quinta d'Amares Loureiro 2015
foram os vinhos premiados com medalha de ouro.
Há mais de 25 anos que a CVRVV promove, anualmente, o concurso "Melhores
Verdes" com o objetivo de destacar as colheitas do ano e eleger os
vinhos que representam a Região nas acções desenvolvidas nos mercados
externos.
Na edição de 2016, Luís Medeiros Vieira, Secretário de Estado da
Agricultura e Alimentação, destacou a importância da Região e do volume
de exportações para a economia nacional e o Embaixador japonês Hiroshi
Azuma marcou presença como sinal de reforço diplomático da Região com
aquele mercado de exportação, numa altura em que o Japão se assume como
mercado preferencial para o Vinho Verde, representando mais de meio
milhão de euros nas exportações e um crescimento de 1000% na última
década.
Fonte: Dinheiro Vivo / Ilídia Pinto
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