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O mesmo vinho fica diferente consoante o copo, defende o especialista Georg Riedel
O industrial austríaco Georg Riedel, que produz os mais exclusivos copos para vinho do mundo, defende que "um verdadeiro apreciador de vinho deve gastar tanto num copo quanto a média que investe numa garrafa de vinho"

Membro de uma família que há dez gerações produz copos de cristal para vinho, com mais de 300 formas distintas para vinhos diferentes, Georg Riedel, que está no Porto para apresentar uma prova de vinhos em diferentes copos, agora com distribuição nacional, sublinha que os seus copos são concebidos para enfatizar a harmonia do vinho. "Concebemos os nossos copos, ao longo dos últimos dois séculos e meio [a fábrica da família Riedel abriu em 1756] pelo método de tentativa e até chegar ao ideal para cada vinho".

Georg Riedel refere que hoje a ciência já avançou o suficiente para fornecer a explicação científica para o facto de um copo ressaltar a harmonia de um vinho e desequilibrar outro. "Verificámos que o mesmo vinho ficava completamente diferente quando servido em distintos copos. A diferença é tanta que mesmo os conhecedores mais experientes eram levados a acreditar que estavam a provar vinhos diferentes". A física molecular "explica hoje perfeitamente aquilo que há 100 ou 150 anos foi apurado à custa de muitas tentativas e erro. Hoje sabemos isso".

Na prova de vinhos Georg Riedel apresentou, durante uma hora e meia, quatro vinhos correntes, dois brancos e dois tintos, e fê-los circular por seis diferentes copos. À medida que cada vinho mudava de copo acentuava umas características e perdia outras até ficar completamente irreconhecível quando tomado num copo plástico de paredes planas. Todavia, ao regressar ao copo original, cada vinho voltava a readquirir a plenitude das suas características iniciais.

Cada um dos mais de 100 participantes na prova, a maior parte ligados ao sector do vinho, pôde sentir a importância do tamanho e do formato na interpretação da mensagem de um bom vinho. "O tamanho de um copo é importante, influenciando a qualidade e intensidade dos aromas", diz, sublinhando que cada copo deve ser cheio até apenas um terço sua altura de cada vez.

Georg Riedel afirma que "vinhos tintos pedem copos maiores, vinhos brancos copos médios, enquanto as aguardentes pedem copos menores para enfatizar a fruta e não o álcool".

O fundamental é que o copo seja desenhado de forma a transmitir os quatro elementos principais de todos os vinhos encerram da forma mais harmónica: a fruta, os elementos minerais, a acidez e os elementos amargos.

"Em rigor, cada uma das principais castas de uvas deveria ter o seu copo ideal, mas a generalidade dos vinhos pode ter cinco formas básicas de copo, duas para brancos, três para tintos", afirma Georg Riedel.

O especialista descobriu recentemente que "o copo usado para os vinhos do vale do Rhône (Ródano) é também o ideal para os vinhos à base da prestigiada casta portuguesa Touriga Nacional".

Quanto à polémica entre o uso de rolha de cortiça e a sua grande concorrente, a rolha metálica de enroscar, Georg Riedel confessa-se partidário da primeira. "Sou um tradicionalista, gosto da rolha de cortiça, acho que é o melhor vedante para o vinho porque lhe dá a possibilidade de respirar". Admite no entanto que rolha metálica, "por ser prática e por evitar o chamado gosto a rolha, que acontece quando uma rolha se estraga, tem sido escolhida por muitas marcas, algumas delas excelentes. É possível que essa tendência possa vir a crescer".

Fonte: OJE/Lusa