O vinho verde vive uma boa fase, "desde há alguns anos que os valores das exportações têm vindo a subir", disse ao JN Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que acaba de renovar o quarto mandato. E a razão para o aumento de vendas até parece ser simples: "É um vinho diferente de todos os outros no mercado, tem menos álcool e menos calorias".
Razões suficientes para ser um dos preferidos em várias partes do mundo, com particular incidência nos EUA, para onde os produtores querem continuar a crescer, bem como para Canadá e Angola. Em relação à Europa, em particular a Alemanha, "a aposta é valorizar os vinhos, uma vez que a distribuição é feita por grandes cadeias e a preços reduzidos".
Mas aumentar o nível de negócios pressupõe também produção e para que esta seja rentável é necessária a reconversão da vinha.
Em Portugal, existem 22 mil hectares de vinha de vinho verde que poderiam produzir 160 milhões de litros, mas só produzem 70 milhões, o que implica menor rentabilidade, dado que o custo de manutenção é fixo. "É fundamental prosseguir com a reconversão como tem vindo a ser feita. No ano passado, foram renovadas as vinhas em 1100 hectares. Manter este nível seria o suficiente", adiantou Manuel Pinheiro.
Nesse sentido, recordou que estão abertas as candidaturas ao programa Vitis 2010 (Regime de Apoio à Reconversão e Restruturação das Vinhas), em relação ao qual diz ter "garantias do Governo de que este ano, ao contrário do anterior, as verbas serão pagas atempadamente".
O programa Vitis, com apoios comunitários, paga em média 70% do investimento feito na renovação da vinha, "e o resultado é uma maior rentabilidade, isto até porque a uva do vinho verde é das mais bem pagas em Portugal, a única que é excepcional é a do vinho do Porto".
E uma maior rentabilidade passa também "por candidaturas conjuntas", frisou o presidente da CVRVV, lembrando que um dos problemas do sector "é que os produtores não se associam o suficiente e muitos continuam a querer produzir o seu próprio vinho em vez de venderem as uvas".
Para Manuel Pinheiro, é fundamental para o sector um maior afunilamento no que diz respeito às diferentes fases do processo. "Os produtores de uva deveriam praticamente só se preocupar com o fruto e vender aos produtores de vinho, que deveriam ser em menor número do que os existentes". Quanto à qualidade, "essa está garantida, felizmente temos uma boa geração de técnicos espalhados por toda a região".
Fonte: Jornal de Notícias / 04-04-2010
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