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Produtores conjugam esforços para tirar vinho de Colares do esquecimento
Depois de várias décadas no esquecimento, os produtores de Colares aumentaram o número de vinhas e juntam esforços para relançar um vinho que há cem anos estava na moda.

É numa região entre a Serra de Sintra e o oceano Atlântico, fortemente fustigada por ventos marítimos e com elevada percentagem de humidade, que nascem as pequenas uvas que dão cor ao vinho Colares, cuja produção remonta à época da fundação de Portugal.

As características próprias da vinha que produz o Colares DOC (Denominação de Origem Controlada), rasteiras, com raízes a quatro metros da superfície, permitiram às vinhas escapar no final do século XIX à filoxera, uma doença provocada por um insecto, que destruiu milhares de vinhas em toda a Europa.

Face à escassez de vinho na época, e uma vez que as vinhas de Colares não foram afectadas, este produto dominou as preferências durante décadas, mas a partir de 1960 caiu no esquecimento dada a quebra de produção anual.

Segundo o enólogo da Adega Regional de Colares, Francisco Figueiredo, a queda de produção na década de 60 deve-se essencialmente a uma quebra da área das vinhas, motivada pela "especulação imobiliária da zona e do abandono das actividades agrícolas".

Depois de várias décadas a definhar, a produção do vinho Colares volta a ser consistente, embora em pequena quantidade, e a Adega Regional de Colares (inaugurada em 1931) prepara "um pequeno incremento de produção com a plantação de duas novas vinhas em 2011".

"Em termos de litros serão poucos, mas aqui o pouco é importante, uma vez que a produção é muito diminuta. As vinhas a implantar são em chão de areia, cerca de três hectares, e poderão produzir cinco mil litros de vinho. A produção por hectare é bastante baixa porque a maior parte das vinhas são velhas, o que não quer dizer que seja mau, mas produzem menos", garantiu o enólogo à agência Lusa.

A fraca fertilidade dos solos, e a baixa densidade de plantação, uma vez que as videiras se expandem sobre a areia, não estando armadas, fazem com que o número de vinhas por hectare seja menor em relação à tradição da cultura vitícola de outros locais.

Em finais de 1999 surgiu em Colares um novo agente económico que revolucionou a tradição das vinhas e da arte de fazer vinho na região.

A Fundação Oriente adquiriu nove hectares de terreno em chão de areia, junto às Azenhas do Mar, e somente em 2004 lançou ao mercado as primeiras garrafas do rótulo.

"A fundação trouxe um bocado de irreverência ao vinho Colares. Digo isto porque causámos um impacto um bocado maior do que se estava à espera em termos de viticultura. Pegámos no que era o tradicional e tentámos que se mecanizasse o máximo possível", disse à agência Lusa o enólogo da fundação, César Gomes.

A instituição prepara também a plantação de mais hectares de vinhas, de forma a fazer subir a produção das actuais 4500 garrafas para 25 mil.

A Adega de Colares e a Fundação do Oriente representam o passado e o presente do vinho Colares e preparam o futuro de uma das mais antigas regiões demarcadas (1908) juntamente com as reconhecidas marcas Viúva Gomes, Vinhos Chitas e Cascawines.

O primeiro Almoço de Colares vai juntar os produtores e vários agentes do mercado dos vinhos no dia 20 de Abril, no Tivoli Palácio Seteais.

O Colares DOC tinto é um vinho de cor aberta com um teor alcoólico de 12,5%, cujas características são classificadas de "raras" pelos dois enólogos, devido à acidez que obriga a um estágio de quatro anos e que acompanha preferencialmente pratos de carne como "o cabrito assado ou o borrego".

 

Fonte: Oje / Lusa