"O grande desafio é saber construir e acrescentar valor a uma marca. Isso implica desde saber gerir bem o processo produtivo e da própria adega, até encontrar, em função da realidade de cada produtor, uma forma de responder às exigências do mercado", afirmou à agência Lusa Agostinho Marques, coordenador e formador do curso.

Agostinho Marques exemplificou com os chamados "produtores de garagem, que são quase ourives, fazem coisas muito pequenas e muito interessantes", mas que depois não chegam ao mercado.

"Não basta fazer vinhos muito interessantes. Se não os soubermos dar a conhecer, esses vinhos são interessantes para o produtor, para os amigos e pouco mais. Todo o investimento na fase de produção acaba por se perder ou, pelo menos, não trazer o valor acrescentado", frisou.

O produtor de vinho do Douro disse não haver dúvidas de que "Portugal tem vinhos fantásticos" e, apesar da sua dimensão geográfica, também tem a particularidade de ser "o país com maior número de castas autóctones" e diversidade em termos de produção.

"O problema é dimensão do próprio país, que leva a que muitos produtores também sejam de pequena dimensão, tendo depois dificuldade em abalançar-se na internacionalização e na exportação de vinhos, porque o seu peso face a grandes mercados de consumo acaba por ser diminuto", frisou.

Apesar de a realidade dos vinhos portugueses no mercado internacional já ter "mudado bastante", e de terem alcançado prestígio em termos de comentários e em concursos internacionais, Agostinho Marques explicou que eles ainda não conquistaram um lugar próprio nas prateleiras.

"Nas prateleiras dos supermercados, das garrafeiras a nível internacional, o vinho português infelizmente ainda está naquele nicho destinado ao resto do mundo. Ou seja, ainda não conseguiu conquistar um espaço próprio, como os vinhos franceses, espanhóis, australianos e chilenos", acrescentou.

Neste âmbito, o curso ministrado pela escola de Viseu vai colocar "um grande enfoque na criação e na valorização de uma marca, como poder transmiti-la e como fazê-la sobressair numa panóplia enorme de vinhos que estão disponíveis".

Segundo Agostinho Marques, o curso abordará "os passos que é necessário dar, a procura de um agente, de um distribuidor, a ida ao mercado, o pós-venda e o acompanhamento".

Na sua opinião, "todos esses passos são necessários para que haja uma fidelização e para que quem está do outro lado perceba que compra algo que não é vendido apenas uma vez" e que terá continuidade.

"O produtor tem de ter consciência de que não pode fazer este ano um belíssimo vinho e para o ano um vinho médio. Tem de haver a preocupação em manter um standard de qualidade", defendeu.

O setor vitivinícola é uma das apostas da Escola de Negócios das Beiras, situada na Região Demarcada do Dão.

"Entendemos que seria muito interessante fazer este curso, até porque há uma oferta muito limitada ao nível de formação de vinhos e de compreensão do negócio do vinho", justificou Agostinho Marques, que conta com uma vasta experiência na área da internacionalização.

O curso tem a duração de 74 horas e destina-se a produtores, equipas de direção, profissionais de marketing, comerciais ou apenas apaixonados pelo mundo dos vinhos.

Fonte: Lusa/AMF.