O primeiro vinho espumante produzido na localidade de Chã das Caldeiras, na ilha cabo-verdiana do Fogo, será apresentado quinta-feira na cidade da Praia antes da sua entrada no circuito comercial.
O responsável técnico pela produção, o enólogo italiano Franz Egger, explicou à agência cabo-verdiana de notícias Inforpress que o "Espumante do Fogo" é produzido à base de uva moscatel branca da região vitícola de Chã das Caldeiras e contém um teor de álcool de cerca de 14 porcento.
O enólogo explicou que se trata de uma experiência que, em caso de sucesso, poderá conhecer novos desenvolvimentos, uma vez que, normalmente, o vinho espumante não é produzido com uva moscatel branca.
A produção de mais este tipo de vinho em Chã das Caldeiras, um dos poucos locais em Cabo Verde onde é possível cultivar a videira, é uma iniciativa da empresa Delgado-Egger-Fonseca, propriedade de três investidores, um cabo-verdiano e dois estrangeiros, um dos quais o enólogo italiano.
Franz Egger apoia, desde 1998, adegas/cooperativas da ilha do Fogo na produção de vinho de qualidade e de outros produtos, nomeadamente vinhos branco, tinto e rosé. Sob a orientação do enólogo, as adegas de Chã das Caldeiras e de Achada Grande passaram também a produzir o vinho passito (aperitivo), destilado com ervas medicinais, a que se junta agora o primeiro vinho espumante produzido em Cabo Verde.
Segundo o especialista, nesta fase experimental serão colocados no mercado pouco mais de 400 garrafas de 0.75 litros.
"Como o preço é quase o dobro do vinho branco produzido em Chã das Caldeiras, a ideia é também analisar a reação do mercado face ao novo produto", indicou.
Franz Egger recordou que cerca de 20% dos espumantes produzidos no mundo são consumidos pelos alemães, pelo que espera que este novo vinho cabo-verdiano venha a conseguir "um bom mercado" junto de turistas da mesma nacionalidade e de franceses que visitam o arquipélago.
O enólogo acredita que sendo o "Espumante do Fogo" um produto biológico e confecionado à base de uvas tratadas apenas com enxofre em pó, ele possa igualmente a ser preferido por consumidores nacionais, sobretudo por ocasião de festas ou celebração de eventos.
A produção do vinho na ilha do Fogo, a única do arquipélago onde ela é feita atualmente, vem ganhando cada vez mais importância na economia local e nacional.
Este ano, a adega/cooperativa de Chã das Caldeiras transformou mais de 160 toneladas de uva em vinho, atingindo a maior produção de sempre desde a sua entrada em funcionamento em 1998.
O presidente da Associação dos Viticultores de Chã das Caldeiras, David Gomes "Neves", disse que as vindimas foram concluídas a 17 de agosto, ultrapassando, ainda que em pequena quantidade, a produção de 2012, que foi de 160 tonelada de uva transformada.
Com o aumento anual da produção de vinho, explicou o viticultor, a adega apostou na melhoria da qualidade do vinho, tendo investido na campanha deste ano cerca de 11 mil contos (cerca de 100 mil euros)na aquisição de mais barris e uma prensa com maior capacidade e numa linha automática para engarrafamento, colocação de rótulos e cápsulas com capacidade para 1.200 litros/hora, cerca de sete mil garrafas/dia.
Além destes equipamentos, a adega dispõe de um equipamento de refrigeração para controlo da temperatura para a fermentação do vinho, com o objetivo de melhorar a qualidade do produto para o mercado interno e para exportação, afiançou David Gomes.
Segundo ele, a nível interno a comercialização tem sido "excelente", mas, externamente, constrangimentos ligados às alfândegas não permitiram ainda exportar o vinho para países como Portugal e Estados Unidos da América.
Fonte: África 21 Digital
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