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Fio agrícola e vinho português imunes ao "shutdown" norte-americano
A instabilidade orçamental e política não assusta, para já, as empresas portuguesas com representação directa do outro lado do Atlântico. É o caso da Cotesi, que soma três empresas e 200 trabalhadores nos Estados Unidos, ou da Sogevinus, que tem lá uma filial e uma distribuidora para os vinhos do Porto e Douro.

Em declarações ao Negócios, a gestora de Recursos Humanos da Cotesi garantiu que a maior produtora mundial de fio agrícola ainda não sentiu nem prevê "impactos significativos" no curto prazo, decorrentes do encerramento de serviços estatais nos Estados Unidos, onde tem três empresas (duas produtoras em Salt Lake, Utah, e uma distribuidora em Kansas City) e emprega  200 dos perto de mil trabalhadores do grupo.

"Esperamos que, tal como em épocas anteriores, esta situação não se prolongue por muito tempo. Poderá ter implicações na economia interna dos EUA, nomeadamente ao nível dos trabalhadores do Estado, mas não acreditamos que se prolongue por forma a comprometer significativamente a actividade operacional das nossas empresas assim como as relações comerciais" de Portugal com a maior economia do mundo, apontou Paula Moreira.

O mercado norte-americano pesa cerca de 50% nos 170 milhões de euros de facturação consolidada da Cotesi, que pertence ao grupo Violas e tem sede em Vila Nova de Gaia, pelo que a responsável crê que "terá de haver cedências" do lado democrata e republicano no congresso. Isto porque, "se tal não acontecer, estaremos perante uma eventual situação de quebra no consumo e perda acentuada em Wall Street, algo que todos querem evitar e daí a responsabilidade acrescida de os congressistas e o governo terem de se entender". 

 

"Aqui a economia não está tão dependente do Estado"

Também a gestora comercial da Sogevinus nos Estados Unidos, Sandra Marques, nega "impactos significativos" com a paralisação de perto de um milhão de trabalhadores associados a muitos serviços administrados por Washington. "Tudo tem decorrido dentro da normalidade, inclusivamente ao nível da alfândega. Aliás, ao contrário do que se passa em Portugal, em que se sentem verdadeiramente os efeitos de uma paralisação nos serviços públicos, aqui a economia não está tão dependente dos serviços estatais, pelo que a actividade económica flui com normalidade", resumiu.

Com representação directa e estrutura própria nos EUA desde 2008 - com a "Sogevinus Fines Wines USA Inc." - e posterior abertura de um distribuidor próprio - a "Wine in Motion", a gestora residente naquele mercado sublinhou que a empresa proprietária das marcas Calém, Barros, Burmester e Kopke é "capaz de manter a sua actividade independente dos serviços públicos do país".

"A não ser que surjam bloqueios relevantes e duradouros na alfândega decorrentes da suspensão de serviços públicos", salvaguardou Sandra Marques. Os Estados Unidos são actualmente o quarto maior mercado para a Sogevinus, em termos de volume de vendas, e o mais relevante fora da Europa.

Mas se o mundo das empresas mantém o optimismo, os alertas sobre os impactos macroeconómicos do impasse norte-americano são vários, chegados de diversos protagonistas. Esta quinta-feira, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse que o impasse em torno do tecto da dívida nos EUA "pode prejudicar a economia global", enquanto o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, alertou também para "o risco prolongado do bloqueio do orçamento" do país.

 

Fonte: Jornal de Negócios