Atrair mais turistas à Beira Interior e «com mais poder de compra» é o objetivo da futura rota dos vinhos que a Comissão Vitivinícola Regional (CVRBI) está a trabalhar. O projeto voltou a ser falado durante as IIIªs Jornadas de Enoturismo - O Centro de Portugal como destino de Enoturismo", que terminou anteontem no Solar dos Vinhos da Beira Interior, na Praça Velha, na Guarda.

«Estamos a desenhar uma rota que englobará as quintas, as adegas, os monumentos, os restaurantes, a natureza, enfim, tudo o que possa cativar o coração e a alma dos visitantes desta região», adiantou o presidente da direção da CVRBI. João Carvalho considerou que a rota será «a forma das pessoas saberem mais facilmente o que podem encontrar em cada sub-região vitivinícola», mas também um contributo para a economia local. Contudo, o responsável admite que o projeto vai demorar «alguns anos a ser concretizado» por envolver muitas entidades. Neste encontro, realizado durante dois dias na Guarda, o presidente do Turismo Centro de Portugal sublinhou que o enoturismo é «um dos nossos produtos estratégicos», mas para o seu desenvolvimento «é essencial pensar no território como um todo». Nesse sentido, Pedro Machado afirmou que a Beira Interior pode afirmar-se através de «vários produtos».

Na sessão de abertura, Adelina Martins, diretora regional de Agricultura do Centro, destacou que o enoturismo é «um dos setores que mais podem alavancar a região e criar mais-valias para os produtores dada a excelente qualidade dos vinhos da Beira Interior». Por sua vez, o presidente da Câmara da Guarda afirmou que nos últimos 25 anos houve «um trabalho notável» no setor vitivinícola da região cujo «grande potencial é hoje uma realidade». Álvaro Amaro prometeu empenhar-se para «demonstrar a força da Beira Interior» numa economia que mobiliza sete mil produtores que produzem cerca de 30 milhões de litros de vinho em 16 mil hectares de vinha. E considerou que a criação da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela vai ter «um papel fundamental» na defesa e promoção deste setor. O autarca disse ainda que é «muito importante incentivar a criação da rota dos vinhos da Beira Interior».

No primeiro painel, João Carvalho revelou que a CVRBI tenciona promover a reestruturação de 12 mil hectares de vinhas das 16 mil existentes e a sensibilização dos produtores para acolher turistas. Outro objetivo para os próximos anos é aumentar o volume de vinho certificado. «A Beira Interior produz grande vinhos, mas lá fora ainda continuam a comprá-lo por ser barato, a 1,60 euros em média por garrafa, ora isso não dá para nada», declarou o proprietário da Quinta dos Termos. As III Jornadas de Enoturismo incluíram debates, visitas a vinhas e a quintas produtoras durante dois dias. O evento foi organizado pela Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Turismo Centro de Portugal, Comissões Vitivinícolas Regionais da Beira Interior, Dão e Bairrada, Associação da Rota da Bairrada e Associação de Municípios Portugueses do Vinho.

Fonte: O Interior