Seis milhões foram aplicados num novo centro de vinificação em Alijó, que, embora não tenha ainda sido formalmente inaugurado, esteve já operacional na recente vindima. Em construção está ainda um centro logístico de armazenamento, também em Alijó, que estará pronto em junho do próximo ano e que corresponde a um investimento acrescido de oito milhões de euros.
A nova adega tem uma capacidade de vinificação de cerca de nove mil pipas,das quais seis mil de vinho do Porto. O que corresponde a apenas 20% das necessidades anuais do grupo. Sem vinhas próprias - o grupo Martiniquaise, proprietário da Gran Cruz, vendeu há anos a única que tinha no Douro - as compras médias das empresas da Gran Cruz situam-se entre 30 a 32 mil pipas. "Produzimos nas adegas próprias e alugadas cerca de 50% disto - compram uvas a 3.600 viticultores - e os restantes 50% é vinho que adquirimos a adegas e outros produtores da região", explicou ao Dinheiro Vivo o diretor geral da Gran Cruz, Jorge Dias.
O grupo é composto por sete empresas - a Gran Cruz, a que mais exporta vinho do Porto para todo o mundo com 10 milhões de garrafas anuais, a Companhia União de Vinho Porto e Madeira, a C da Silva e a Gran Cruz Turismo, em vila nova de Gaia; a Vale de S. Martinho, no Douro, e a Justinos e a Henriques e Henriques na Madeira - e tem uma faturação anual consolidada de 70 milhões de euros. O vinho Madeira corresponde a 28 milhões de garrafas vendidas por ano.
A nova adega estará apetrechada com a ultima tecnologia disponível no sector. "Vamos fazer a analise bago a bago por infravermelhos. No fundo, é escolher o 'creme de lá creme'. Será a primeira vez que, em grande escala, se põe aquilo que de melhor se faz em pequenas boutiques", explica Jorge Dias.
Diminuir o peso dos mercados francófonos é uma das grandes apostas do grupo. Neste reforço do seu processo de internacionalização, a Gran Cruz tem vindo a apostar crescentemente em mercados como Espanha, Rússia (em que se assume como líder de mercado), Alemanha, Estados Unidos e Canadá. A China tem sido, também, uma prioridade.
Hoje as categorias especiais de vinho do Porto valem 40% em valor mas não vão além dos 20% em volume no total do grupo. A cinco anos, Jorge Dias estima que as suas empresas estejam a vender menos vinho do Porto e mais vinho do Douro - "todas as empresas vão decair no vinho do Porto", assegura - mas sublinha que espera reforçar o peso das categorias especiais no seu portfólio.
E não esconde que a vontade de adquirir uma propriedade no Douro faz parte dos seus planos. A questão é quando. "Sim, claro que não faltam propriedades no Douro, falta é encontrar a propriedade certa", frisa. Aos durienses que temem pelo futuro, garante: "Os comerciantes nunca serão auto-suficientes. Pelo menos, não as grandes empresas, que fazem 80% do volume total de vinho do Porto".
Fonte: Dinheiro Vivo
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