A ViniPortugal, a associação que responde pela promoção externa do vinho português, quer que as empresas nacionais do sector olhem para lá dos mercados onde tradicionalmente actuam e invistam em países onde o consumo do vinho está na registar forte crescimento.
Na sua reunião magna anual, que decorreu esta semana na Curia, ficaram a conhecer-se as principais linhas de orientação para a promoção em 2014 e se o grosso do investimento vai continuar a ser feito em mercados maduros como o dos Estados Unidos, do Reino Unido ou da Alemanha. A ViniPortugal chamou a atenção das empresas para "oito mercados que merecem ser explorados", de forma a evitar "uma oportunidade perdida" para o sector, nas palavras do presidente da associação, Jorge Monteiro.
Os números revelados à plateia de produtores e exportadores não podiam ser mais expressivos. Num trabalho especialmente produzido para a sessão, os casos da Colômbia, de Marrocos, Singapura, Macau, Rússia, Japão, Nigéria e Israel foram apresentados como exemplos de que o crescimento dos mercados consumidores é uma tendência que está longe de se esgotar. Na última década, o mercado colombiano de vinho aumentou 352%: o da Nigéria 340%; e o de Macau 1950%. Em muitos destes exemplos, o valor das importações é baixo. Acontece na Colômbia (67 milhões de euros) ou em Marrocos (18 milhões). Mas há também volumes de importação que ultrapassam o valor total das vendas do vinho nacional ao exterior - cerca de 715 milhões de euros, em 2012. A Rússia, por exemplo, importa todos os anos 1400 milhões de euros de vinho e o Japão compra no exterior cerca de 2000 milhões de euros.
Portugal é um actor menor no mercado mundial (em valor, a sua quota ronda os 2,8% do total de um negócio que movimenta todos os anos 25.600 milhões de euros, ou seja, cerca de um terço do valor da ajuda externa), mas a margem de crescimento nestes mercados pode fazer a diferença e acentuar a curva ascendente das exportações nacionais, sugeriu Jorge Monteiro. Em Macau, por exemplo, um mercado com a dimensão da do Brasil (237 milhões de euros), a quota nacional não vai além dos 3% (12% no Brasil). Em Marrocos, e apesar da proximidade, Portugal vende menos do que o Chile, não indo além de 0,8% das importações deste país. E se na Rússia as vendas ascendem já a dez milhões de euros, a quota nacional fica-se pelos 1,4%, atrás do Chile (8%) e muito longe da Espanha (20%) - em volume, a exportação para a Rússia fica inclusivamente atrás da do Uruguai ou da África do Sul.
Mas se, na visão da ViniPortugal, estes mercados são alternativas que os exportadores nacionais devem explorar, o essencial do esforço de promoção manter-se-á nos destinos que nos dez últimos anos fizeram crescer as exportações em 27%, valor que sobe para os 85%, se se excluírem os vinhos do Porto e da Madeira, que atravessaram uma década de dificuldades. Com a situação estabilizada em França e em Angola, o principal importador em valor devido ao peso do vinho do Porto e em volume, as acções de promoção insistirão no desenvolvimento dos mercados cruciais dos Estados Unidos e do Reino Unido, os primeiro e segundo importadores mundiais de vinho, mas também da Alemanha, do Brasil e dos países com regimes de importação em monopólio (os nórdicos e o Canadá).
A quota de Portugal no Reino Unido tem caído à custa das perdas dos vinhos do Porto e da Madeira e situa-se hoje na ordem dos 1,9%, ou seja, 74 milhões de euros. Nos Estados Unidos, a situação tem sido mais favorável, com particular destaque para o vinho verde, que tem aqui o seu principal mercado externo.
As exportações para o mercado americano, que tem de importar todos os anos 30% do seu consumo, têm crescido e não apenas em volume: quanto ao preço médio, o vinho português encontra-se num honroso terceiro lugar, logo a seguir à França e à Nova Zelândia. Ainda assim, em valor, a quota nacional das importações norte-americanas fica-se por 1,4% do total, ou seja, 58 milhões de euros. A Itália, que domina este mercado, exporta para os Estados Unidos mais do que todas as vendas de Portugal no mundo: 1200 milhões de euros.
Fonte: Público
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