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QUINTA DO SEIXO é Caso de Estudo para Especialistas Europeus em Biodiversidade
A Quinta do Seixo, propriedade da Sogrape Vinhos no Douro, acolheu há dias uma reunião de especialistas europeus em biodiversidade ligados ao projecto BioDiVine – uma iniciativa financiada pelo Programa LIFE+ que visa reforçar as estruturas da paisagem vitícola e prossegue o objectivo da Comissão Europeia de travar a perda de biodiversidade no espaço comunitário.

A escolha desta Quinta da Sandeman como palco deste encontro científico fica a dever-se às diversas acções e experiências que ali têm sido concretizadas, em estreita colaboração com a ADVID (Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense), que "além de serem úteis para uma viticultura mais eficiente e sustentável, são também importantes pelo grande valor paisagístico que conferem às vinhas, promovendo um enoturismo natural com valor para a região, para os produtores e as suas marcas", afirma Miguel Pessanha, Administrador da Sogrape Vinhos.

Com o objectivo de avaliar o efeito da manutenção de uma biodiversidade saudável no apoio a uma viticultura sustentável - o que alia a conservação de valores paisagísticos, estéticos e naturais à rentabilidade económica da exploração comercial das vinhas - a Quinta do Seixo tem promovido, entre outras acções, a monitorização da diversidade no ecossistema vitícola, a promoção da biodiversidade no ecossistema vitícola através da plantação de sebes com espécies autóctones (madressilva, rosmaninho, roselha, caril, medronheiro, espinheiro), o   restauro do coberto vegetal natural, ou aumentando a luta contra pragas da videira como a traça-da-uva por estratégias biológicas (confusão sexual), reduzindo a luta por via química.

"No caso do coberto vegetal, por exemplo, aos quatro hectares dedicados em 2012 ao projeto, somaram-se mais cinco em 2013, totalizando assim uma área equivalente a nove campos de futebol (92 000 metros quadrados) que será utilizada para comparar a utilização de espécies regionais, como a aveia, o trigo, o centeio, o azevém, o tremoço e a tremocilha, com outras sementes comerciais, casos das leguminosas, gramíneas e mistura de ambas", explica António Graça, responsável pelo Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Sogrape Vinhos.

Para a contagem de artrópodes foram instaladas armadilhas ao nível do solo e ao nível da folhagem onde são capturados e identificados. Para detectar e contar pequenos mamíferos, foram montadas câmaras de visão nocturna (infravermelhos), cujas imagens permitem comparar a sua quantidade e diversidade entre zonas de bosque ribeirinho, matas e vinha.

Os resultados finais do projecto são esperados no final de 2014. Entretanto, diversas espécies foram já repertoriadas entre mamíferos (javalis, raposas, coelhos,  ouriços-cacheiros, fuinhas, etc.), aves (toutinegras, piscos, chamarizes, cartaxos, cotovias, estorninhos, chapins, picanços, rabirruivos, verdilhões, carriças, tentilhões, etc.) e insectos (coleópteros, himenópteros, dípteros, heterópteros, ácaros, aranhas, escorpiões, centopeias, milípedes, etc.), atestando a extraordinária biodiversidade natural da Região do Douro, considerada um hub de biodiversidade no Norte do País.

O projecto BioDiVine é liderado pelo Institut Français de la Vigne et du Vin e conta com mais cinco parceiros de Espanha e França. As atividades estão a ser desenvolvidas em regiões vitícolas de França (Loire, Languedoc, Bordeaux e Bourgogne), Espanha (Priorat e Rioja) e Portugal (Alto Douro).

 O programa LIFE+ é um instrumento financeiro europeu para o ambiente e é destinado a cofinanciar acções no campo da conservação da natureza, especialmente projectos de demonstração e/ou inovação, contribuindo para os objectivos da Comunicação da Comissão Europeia: "Travar a perda da biodiversidade até 2010 e mais além".